Título: Policial investigado prendeu Fernando Iggnácio
Autor: Werneck, Antônio e Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 18/12/2006, Rio, p. 10

Um dos ¿inhos¿ teria usado a função para capturar rival de Rogério Andrade

As investigações da Polícia Federal revelam que o grupo de inspetores chefiado pelo delegado Álvaro Lins teria usado a estrutura da Polícia Civil para tirar das ruas o contraventor Fernando de Miranda Iggnácio, principal rival de Rogério Costa de Andrade e Silva na guerra pelo controle das máquinas caça-níqueis na Zona Oeste. Preso pela PF, em 18 de setembro, Rogério contaria com proteção de policiais ligados a Lins.

Um dos responsáveis pela Operação Gladiador, o delegado federal Alessandro Moretti afirma que Álvaro Lins teria trocado chefias de delegacias para manter aliados no controle das áreas onde há exploração de máquinas. Um dos casos relacionados no levantamento da PF é o que resultou na prisão de Fernando Iggnácio. O contraventor foi detido 24 dias depois de Rogério. Iggnácio foi preso em casa, numa ação coordenada pelo delegado Luiz Antônio Ferreira e pelo inspetor Hélio Machado da Conceição, o Helinho.

O inspetor figura entre os três policiais civis que tiveram as prisões decretadas por ligação com o bando de Rogério Andrade. De acordo com denúncia do Ministério Público federal, Helinho, Jorge Luiz Fernandes, o Jorginho, e Fábio Menezes de Leão, o Fabinho, davam suporte a um dos braços da organização criminosa montada por Rogério Andrade, sobrinho do bicheiro Castor de Andrade, que morreu em 1997.

As investigações da PF apontam indícios de que os três inspetores (os ¿inhos¿), junto com o policial Rogério Augusto Marques de Brito, o Rogerinho, teriam loteado as delegacias da cidade, onde eles controlavam, inclusive, as nomeações de delegados, chamados de jóqueis. Segundo as investigações, o grupo recolhia e encaminhava, mensalmente, parte do dinheiro arrecadado da máfia dos caça-níqueis para o ex-chefe de Polícia.

O envolvimento de policiais civis e militares na segurança de Rogério Andrade e Fernando Iggnácio foi revelado pelo GLOBO, em abril. Com base em levantamento da Subsecretaria de Inteligência (SSI), a reportagem mostrou que, mesmo foragidos, os dois contraventores freqüentavam academias, restaurantes e boates, graças à proteção de 86 agentes da lei.