Título: Desempregada esfaqueia ACM Neto na Bahia
Autor: Frazão, Heliana
Fonte: O Globo, 19/12/2006, O País, p. 10

Deputado está internado, mas fora de perigo; agressora estaria revoltada com o aumento do subsídio dos parlamentares

SALVADOR. A Desempregada Rita de Cássia Sampaio de Souza, de 45 anos, deu ontem uma facada nas costas do deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), quando este deixava, no início da tarde, seu escritório no bairro da Pituba, em Salvador. Presa em flagrante, ela repetia na 16ª Delegacia que estava indignada com a classe política e com o aumento substancial que praticamente dobrou o salário dos parlamentares.

Até a noite de ontem, ACM Neto permanecia internado, fora de perigo. Segundo o delegado Wilson Gomes, responsável pela apuração, a mulher pedia também a intermediação do deputado na liberação do seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que estaria retido na Caixa Econômica Federal. Ela já teria, inclusive, pedido ajuda do parlamentar nesse sentido, em outra ocasião em que estivera no escritório. Rita foi autuada por tentativa de homicídio e foi levada para o Presídio Feminino de Salvador.

Moradora da cidade de Ipiaú, no interior da Bahia, ela contou ao delegado que chegou à capital baiana na sexta-feira, levando a faca tipo peixeira, com o propósito de matar o deputado. Segundo o delegado, a polícia encontrou também um canivete na bolsa da mulher, que é ex-funcionária da Secretaria de Saúde de Ipiaú.

- Ela estava emocionalmente desequilibrada e não falava coisa com coisa, poderia de fato ter matado o deputado - disse o delegado.

Mulher esperou deputado deixar o escritório

Em uma outra versão apresentada na delegacia, Rita de Cássia teria dito ser apaixonada pelo parlamentar. Ela disse ainda que chegou ao prédio, na Avenida Paulo VI, por volta das 9h, e tentou entrar. Como foi impedida, esperou ACM Neto deixar o local, acompanhado do motorista e de um assessor.

- Quando o deputado ia fechando a porta, ela surgiu por trás de mim e tentou esfaqueá-lo. A sorte foi que eu consegui empurrá-la, e a faca caiu longe. Do contrário, teria sido muito mais sério - contou o assessor Mário Pontes.

Transtornada, Rita de Cássia xingou os repórteres que aguardavam informações na frente da delegacia de polícia, responsabilizando a classe política e a mídia pela situação pela qual estava passando.