Título: Na contramão do BC, juro sobe para o consumidor
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 19/12/2006, Economia, p. 27

Pesquisa mostra que taxa média passou de 7,43% para 7,48% ao mês, apesar de corte de 0,5 ponto Na Selic

SÃO PAULO. Apesar das decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que em novembro anunciou novo corte Na Selic (a taxa básica da economia), bancos, fiNanceiras e lojas de varejo elevaram no mês passado os juros cobrados nos fiNanciamentos. Pesquisa divulgada ontem pela Associação NacioNal dos Executivos de FiNanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que a taxa média para pessoas físicas avançou de 7,43% ao mês, em outubro, para 7,48% em novembro, o correspondente a uma alta de 0,05 ponto percentual ou de 0,67% no período.

No caso das empresas, o custo fiNanceiro embutido nos empréstimos passou de 4,24% para 4,25% ao mês - um aumento de 0,24%.

- Mais uma vez o mercado não repassou para o consumidor o corte da Selic - afirmou o economista Miguel Ribeiro de Oliveira, coordeNador da pesquisa.

Anefac culpa demanda por crédito e baixa iNadimplência

Na sua última reunião, o Copom voltou a reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual. A taxa recuou 6,5 pontos desde setembro de 2005, de 19,75% para 13,25% ao ano. No período, no entanto, a taxa média anual cobrada por bancos, fiNanceiras e comércio nos empréstimos para pessoas físicas caiu apeNas 3,47 pontos (de 141,12% para 137,65% ao ano). O corte foi ainda menos generoso no caso das empresas (3,45 pontos, com a taxa média passando de 68,23% para 64,78% anuais).

Segundo Oliveira, o aumento dos juros em novembro pode ser atribuído a uma maior demanda por empréstimos, às vésperas das festas de fim de ano. Também teria pesado a avaliação de que os índices de iNadimplência continuam sob controle, sem risco de uma explosão.

Das seis linhas de crédito para pessoa física pesquisadas pela Anefac, apeNas uma não teve variação: os juros no cartão de crédito permaneceram em 10,35% ao mês, o equivalente a 226,04% em 12 meses. Em compensação, nos fiNanciamentos por meio do Crédito Direito ao Consumidor (CDC) a taxa média cobrada pelos bancos passou de 3,2% para 3,28% ao mês, com aumento de 2,5% em relação a outubro.

Ainda de acordo com a pesquisa da Anefac, as taxas mais elevadas foram encontradas Nas operações de fiNanciamento pessoal realizadas pelas fiNanceiras: 11,56% ao mês, contra 11,5% em outubro.