Título: Apesar do desgaste, Renan e Aldo reforçam candidaturas à reeleição
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 20/12/2006, O País, p. 3

Apesar do desgaste, Renan e Aldo reforçam candidaturas à reeleição

Parlamentares que defendem o aumento apóiam a decisão dos dois

BRASÍLIA. Apesar do desgaste junto à opinião pública, por causa do reajuste do subsídio dos parlamentares, os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) não devem ter afetadas suas campanhas pela reeleição. Os dois estão atendendo aos anseios de deputados e senadores, seus eleitores na eleição de fevereiro.

Nem sempre o desgaste na opinião pública tem o mesmo impacto no plenário da Câmara. A absolvição de vários envolvidos no mensalão é apenas um exemplo de como é distinta a repercussão dos fatos na sociedade e entre os parlamentares. Na Câmara, são muitas as críticas a Aldo, mas foi bem recebida sua disposição de enfrentar a reação da sociedade.

- O presidente Aldo Rebelo pagou um preço descomunal na opinião pública, mas ele obteve o apoio do baixo clero. Ele é o meu candidato e não deve mais sustentar o reajuste pelo teto - disse Raul Jungmann (PPS-PE).

Mesmo diante da posição do STF alguns deputados dizem que Aldo teria saído fortalecido. Seu principal adversário, o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), não demonstrou controle sobre a bancada. Os parlamentares queixavam-se ontem da postura do PT, que defendeu a correção da inflação, 28,4% ao invés de 90,7%, contribuindo para agravar o desgaste.

- O Aldo foi correto e assumiu o desgaste. Ele não recuou e ganhou pontos - afirmou Ciro Nogueira (PP-PI), corregedor da Câmara.

Renan, que disputará à reeleição com o líder do PFL, José Agripino (RN), estava mais preocupado com a repercussão e faz questão de argumentar que a decisão foi coletiva:

- É preciso deixar claro que o aumento dos salários não foi uma decisão individual, mas coletiva.

Novo valor ajuda aposentadorias dos sem mandato

Subsídio pago aos parlamentares serve de base para cálculo

BRASÍLIA. Boa parte dos 247 deputados e 22 senadores que não se reelegeram ou não disputaram a reeleição deve votar o novo valor do subsídio dos parlamentares. Muitos deles poderão ser beneficiados. O aumento, que deverá ser aprovado até 31 de janeiro, quando acaba esta legislatura, só vale para os vencimentos pagos a partir de 1º de fevereiro. No entanto, o novo valor vai corrigir e engordar as aposentadorias dos que ficarão sem mandato e contribuíram para receber o beneficio.

O subsídio pago aos parlamentares no exercício do mandato serve de base para o cálculo das aposentadorias. O impacto do reajuste no orçamento da Câmara e Senado inclui o aumento também para as aposentadorias, pensões e a contribuição previdenciária patronal. Segundo os cálculos da Câmara, se o subsídio for para R$24,5 mil, o aumento de gastos anual será da ordem de R$157,2 milhões.

Os parlamentares que se elegeram antes de 1999, e eram do Instituto de Previdência Complementar (IPC), tinham direito a se aposentar proporcionalmente depois de dois mandatos. Mesmo com a extinção do IPC, continuaram com o direito. Os que se elegeram depois só terão aposentadoria depois de 35 anos de contribuição como qualquer contribuinte do INSS.

O deputado Domiciano Cabral (sem partido-PB) ficou sem mandato e não será beneficiado, porque tem um mandato apenas. Mas defende a equiparação pelo maior valor:

- Acho correta a equivalência com o Supremo prevista na Constituição. Depois de feita a equiparação, defendo que os reajustes tenham como base os aumentos concedidos ao salário mínimo - defendeu.