Título: MPF vai instaurar inquéritos penais
Autor: Werneck, Antonio e Vasconcellos, Fábio
Fonte: O Globo, 20/12/2006, Rio, p. 15

Objetivo é investigar os 'laranjas' que controlam máquinas caça-níqueis

O Ministério Público Federal do Rio requisitou diretamente ao Departamento de Polícia Federal, em Brasília, a instauração de dez a 15 inquéritos criminais contra os 28 bingos que exploram máquinas de caça-níqueis no estado. Os inquéritos serão instaurados com base em investigações prévias e nas apreensões realizadas no último fim de semana em 18 bingos da cidade. O objetivo da operação foi obter provas da prática de contrabando, formação de quadrilha e crimes contra a economia popular.

Além dos caça-níqueis, foram apreendidos dinheiro e documentos dos estabelecimentos. Os procuradores investigam crimes de contrabando das máquinas e as pessoas que estão por trás das importações fraudulentas.

- Esses inquéritos servirão para apurar os responsáveis que alocam as máquinas caça-níqueis no interior dos bingos, uma vez que investigações prévias já constataram que o quadro social de diversos bingos e empresas importadoras é formado por "laranjas" - afirmou o procurador da República José Augusto Vagos.

Arrecadação diária chegava a R$22 milhões

Entre os bingos que estão sendo alvo de investigações estão o Municipal, Bangu, Copacabana, Catete, Madureira, Meriti, Méier, Tijuca, Ilha Rio, Saenz Peña, da Praia, Cidade, Taquara, Senador Dantas, Magic, Assembléia, Arpoador, Carioca, das Nações, Recreio, Ipanema, Rio Branco, Intendente Magalhães, Voluntários, Rio das Pedras, Scalamare, Campo Grande e Espaço Marquês. De acordo com levantamento do MPF, eles reuniam 6.250 máquinas caça-níqueis avaliadas em US$75 milhões. Essas máquinas seriam responsáveis pela arrecadação diária de R$22 milhões.

- A utilização de máquinas de caça-níqueis, que têm seus componentes contrabandeados, é crime federal; por isto, estamos ajuizando ações penais contra esses bingos - explicou o procurador da República Eduardo André Lopes.

Segundo os procuradores, os novos inquéritos visarão apenas à exploração de máquinas em bingos. As investigações sobre as máquinas espalhadas em bares e padarias da cidade fazem parte do inquérito da Operação Gladiador, que indiciou até o momento 43 pessoas, entre policiais civis, militares, advogados e um jornalista.

- São situações diferentes. A perícia revelou inclusive que as máquinas dos bingos são modernas, consideradas de segunda geração e envolvem quadrilhas distintas, difíceis de identificar por utilizarem "laranjas" - afirmou o procurador José Augusto Vagos.