Título: CEF destinará R$3,2 bio para saneamento
Autor: Alvarez, Regina e Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 20/12/2006, Economia, p. 31

Vice diz que Caixa fechará 2006 com lucro recorde de pelo menos R$ 2,4 bi

A Caixa Econômica Federal (CEF) destinará R$3,2 bilhões para financiar obras no setor de saneamento. Amanhã, o governo deve anunciar oficialmente a capitalização de R$5,2 bilhões da instituição, que fará parte do pacote de medidas que serão tomadas pela equipe econômica para estimular um crescimento do país a taxas mais altas, de maneira sustentada. Com a elevação do seu patrimônio, a Caixa aumentará em R$2,4 bilhões o total destinado ao saneamento, que chegará a R$3,2 bilhões, adiantou ontem Fernando Nogueira, vice-presidente de Finanças da Caixa.

A capitalização deve ser feita por meio de um "instrumento híbrido de capital e dívida", que funcionaria como uma espécie de bônus perpétuo, ou seja, sem data de vencimento da dívida.

- Estamos batendo hoje no limite do crédito para o setor público, que é de 45% do patrimônio. Com esse instrumento híbrido, poderemos ampliar o patrimônio. Isso permitirá que a Caixa continue financiando projetos de saneamento. Mas, como capitalizar a instituição mexe com o superávit do governo, tivemos que encontrar um caminho alternativo para aumentar o volume de financiamentos, que será este empréstimo sem data para pagamento, em que não somos obrigados a amortizar o principal - explicou Nogueira.

A CEF deve encerrar 2006 com o maior lucro da sua história. Segundo estimativas do vice-presidente de Finanças, o lucro deve ser de, no mínimo, R$2,4 bilhões. Até outubro, a Caixa havia lucrado R$2,2 bilhões e, em 2005, o resultado havia sido de R$2,07 bilhões. O lucro recorde será garantido em maior parte por operações de tesouraria - a Caixa detém, sozinha, 9% da dívida pública -, mas também pelo aumento da carteira comercial (crédito consignado).

- Lucramos bastante com os juros altos. Na verdade, nos quatro anos do governo Lula, lucramos R$40 bilhões com aplicações em títulos públicos. Por mês, o ganho foi de R$1,2 bilhão, o maior na história da instituição. E, se não tivéssemos pago dividendos pesados ao governo, nosso lucro teria sido muito maior. Mas como o objetivo era o superávit, os dividendos eram importantes - afirmou.