Título: MP pede cassação de governador de GO
Autor: Galhardo, Ricardo e Machado, Ismael
Fonte: O Globo, 21/12/2006, O País, p. 9

Lista inclui 33 deputados, acusados de irregularidades nas contas de campanha

SÃO PAULO e BELÉM. O Ministério Público Federal em Goiás pediu a cassação do governador eleito Alcides Rodrigues Filho (PFL) e de outros 45 candidatos a deputado federal e estadual. A lista inclui 14 dos 17 deputados federais e 19 dos 41 deputados estaduais eleitos no estado, além de 12 suplentes, todos acusados de irregularidades nas prestações de contas de campanha. Os pedidos não foram apreciados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás.

Segundo o Ministério Público, Rodrigues deixou de declarar gastos que somam R$760 mil, o que, para o procurador regional eleitoral Helio Telho Filho, é indício de caixa dois. Os documentos mostram que Rodrigues contratou a Gráfica Moura Ltda. por R$1,9 milhão, mas pagou só R$1,4 milhão. O governador eleito deixou de declarar gastos com 15 carros de som, aluguéis de dois comitês e despesas com água, energia elétrica e telefones, cabos eleitorais, comícios e motoristas.

O Ministério Público chegou a essas conclusões graças a uma força-tarefa feita por promotores eleitorais que acompanharam desde o início da campanha os gastos dos candidatos. O trabalho resultou numa coleção de provas documentais de despesas sonegadas ou subfaturadas.

A Coordenadoria de Controle Interno do TRE-GO constatou irregularidades em seis despesas que somam R$310 mil. Segundo a CCI, os valores das notas fiscais são R$165 mil inferiores às transferências eletrônicas efetuadas. Outra irregularidade apontada é a existência de R$303 mil em gastos referentes à campanha de Rodrigues pagas pelos diretórios do PP e PSDB, partidos que apoiaram o governador eleito.

A assessoria de Rodrigues disse que o pedido de cassação é inócuo, pois o TRE-GO aprovou as contas da campanha. Para a assessoria, não existem irregularidades, só erros formais.

Entre os deputados federais alvos dos pedidos de cassação estão Pedro Wilson (PT), Ronaldo Caiado (PFL), Raquel Teixeira (PSDB) e Sandro Mabel (PL). Raquel e Caiado tiveram as contas aprovadas pelo TRE-GO. As prestações de Pedro Wilson e Mabel foram rejeitadas.

Diplomação do governador de RO pode ser anulada

Em Rondônia, cinco políticos, entre eles o governador reeleito Ivo Cassol, do ex-PPS, atual MD, podem ter as diplomações anuladas por suposto beneficiamento num esquema de compra de votos. O pedido de cassação foi do procurador da República em Rondônia Silvio Amorim. Além de Cassol, estão ameaçados o senador eleito Expedito Júnior, do MD, a suplente de deputado federal Valdelise Martins dos Santos (MD), Val Ferreira, mulher do senador; o deputado federal reeleito Anselmo de Jesus (PT) e o deputado estadual eleito Wilber Carlos dos Santos, o Wilber da Astir (PSB).

Cassol, Expedito Júnior e Val Ferreira são acusados de terem sido beneficiados por um esquema de compra de votos montado a partir da empresa Rocha Vigilância e Segurança Ltda, pelo qual cerca de 700 funcionários da empresa teriam recebido R$100 para votar em Expedito, Cassol e em Val Ferreira. A empresa é de Irineu Gonçalves, irmão do senador eleito. O Ministério Público Eleitoral ingressou no Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia com recurso contra a expedição dos diplomas. A Polícia Federal investiga o caso.