Título: Contraventores perdem regalias
Autor: Werneck, Antônio
Fonte: O Globo, 22/12/2006, Rio, p. 17

Rivais vão para celas comuns

Os contraventores Rogério Andrade e Fernando Iggnácio, pelo menos no dia de ontem, sentiram na pele a difícil vida na prisão. Eles foram transferidos anteontem das carceragens do Ponto Zero, em Campo Grande, e da Polinter de Neves, em São Gonçalo, justamente por gozarem de regalias como ar-condicionado, laptops e celulares dentro da prisão. Num calor de pelo menos 38 graus, Rogério Andrade, por ter curso superior, ocupou sozinho uma cela de 25 metros quadrados, onde só havia uma cama e um ventilador, na Polinter da Pavuna. Como não é carceragem para presos especiais, a Polícia Civil teve que esvaziar a cela para abrigar o contraventor. Na Pavuna, há 291 presos.

O mesmo aconteceu com Iggnácio, que foi para a Polinter no Grajaú, onde estão 278 detentos. Como as únicas unidades com prisão especial são a do Ponto Zero e a de Neves, os advogados dos contraventores estão alegando na Justiça que seus clientes, por terem curso superior, devem retornar para essas cadeias especiais. De acordo com investigações da Polícia Federal, Iggnácio montou um escritório da contravenção na cela. Por esta regalia, teria pagado R$6 mil, conforme escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Rogério ainda promovia churrascos nos fins de semana na sua ¿colônia de férias¿, como foi apelidada por agentes da Polícia Federal.