Título: Acho esse teto todo muito alto, diz tucano
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 23/12/2006, O País, p. 5

Governador de Minas cobra sensibilidade dos parlamentares

Mesmo sem citar um valor ideal para os subsídios de deputados e senadores, o governador reeleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), entrou ontem na polêmica da tentativa de equiparação dos vencimentos dos parlamentares aos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal. O tucano disse que o teto da Corte, de R$24.500, é ¿muito alto¿ para a remuneração de funcionários públicos.

¿ Eu acho esse teto todo muito alto. Em Minas, nós buscamos, desde o início do meu mandato, fixar um teto de R$10.500 para o Executivo, que eu achava razoável. Quem está na vida pública não é para ficar rico, é para viver com honradez, dignidade e conforto ¿ afirmou.

Aécio disse esperar que os parlamentares atendam ao clamor da opinião pública contra a tentativa de elevação dos próprios subsídios.

¿ Está faltando um pouco mais de sensibilidade e compreensão de que cada um deve fazer a sua parte ¿ cobrou.

Serra diz que teto salarial é tema ¿muito cansativo¿

Ao assumir o governo, em janeiro de 2003, Aécio reduziu o próprio salário de R$19.500 para R$10.500, abaixando o teto de vencimentos do Executivo estadual em 53,8%. Ontem, o tucano prometeu não reajustar o valor até o fim do segundo mandato, em 2010. Apesar das críticas às tentativas de elevação de salários, ele lembrou que a autonomia dos poderes permite que cada um decida seu próprio teto salarial.

O governador eleito de São Paulo, José Serra, preferiu não opinar sobre a proposta do presidente Lula de criação de um teto salarial unificado para os três poderes. Ao chegar à Fundação Getúlio Vargas, onde participou de encontro com os outros governadores da região Sudeste, ele alegou não ter tido conhecimento da idéia.

¿ Confesso que esse tema está muito cansativo. Não é uma questão específica do meu estado, onde o teto é fixado pelo salário do governador ¿ disse o tucano.

Na madrugada de ontem, os deputados estaduais de São Paulo aprovaram um reajuste de 89% para os salários dos secretários de governo. Os auxiliares de Serra passarão a receber R$11.885 ¿ bem acima do valor atual, de R$6.262. O tucano receberá os mesmos R$14.885 pagos ao atual governador, Cláudio Lembo.

Aécio e Serra cobram mudanças no Fundeb

Os governadores de Minas e São Paulo anunciaram que vão cobrar alterações no projeto do Fundo da Educação Básica (Fundeb), promulgado na terça-feira pelo Congresso. Para os tucanos ¿ que tiveram apoio dos pemedebistas Paulo Hartung (ES) e Sérgio Cabral (RJ) ¿ o aumento de 15% para 20% do percentual de impostos que deve ser repassado ao fundo pode reduzir a capacidade de investimento dos governos estaduais. Eles querem que os repasses sejam deduzidos integralmente da dívida dos estados com a União.

¿ A proposta está desequilibrada ¿ criticou Serra.

Aécio elogiou o projeto, mas disse que sua regulamentação deve ser discutida com os governadores. (B.M.F.)