Título: A política dos EUA para mudanças climáticas
Autor: Sobel, Clifford
Fonte: O Globo, 23/12/2006, Opinião, p. 7

Recentemente, países de todo o mundo se reuniram na 12ª Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas para discutir formas de tratar esse problema. O fato de os Estados Unidos terem optado por permanecerem fora do Protocolo de Kyoto não deveria ofuscar o papel de ativa liderança que o país tem desempenhado nas questões relacionadas com as mudanças climáticas. Na realidade, países de todas as regiões reconhecem que encaminhar a questão de forma eficiente exige ações no âmbito de uma agenda de desenvolvimento ampla, que promova o crescimento econômico e a segurança energética, reduza a pobreza e a poluição, e diminua as emissões de gases de efeito estufa.

O governo americano tem estado à frente do esforço para promover uma estratégia integrada contra a mudança climática e favorável ao desenvolvimento. Em fevereiro de 2002, Bush reafirmou o compromisso dos Estados Unidos com a Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas e seu objetivo final: estabilizar as concentrações de gás de efeito estufa (GEE) na atmosfera em um nível que evite perigos da interferência humana no clima.

Os Estados Unidos têm uma estratégia ambiciosa para os problemas das mudanças climáticas, baseada no avanço de medidas favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento. Uma é a redução interna das emissões de gases de efeito estufa (GEE), compatível com o tamanho da economia americana. Os Estados Unidos alcançarão a meta reduzindo a intensidade de GEE ¿ quantidade emitida por unidade de atividade econômica ¿ em 18% em 10 anos. O cumprimento da meta impedirá a liberação de emissões equivalente a de 500 milhões de toneladas métricas de carbono na atmosfera ¿ comparável à retirada de 70 milhões de carros de circulação.

Os Estados Unidos têm mais de 60 programas voluntários baseados no incentivo, além de programas obrigatórios para ajudar a alcançar seu objetivo. E nossa estratégia está funcionando. Entre 2000 e 2004, o desempenho dos EUA com relação às emissões de GEE foi um dos melhores.

O governo americano destinou investimentos substanciais para esses esforços. De 2001 até 2006, teremos investido mais de US$29 bilhões em programas climáticos, mais do que qualquer outra nação. O orçamento do presidente Bush para 2007 propõe US$6,5 bilhões para atividades relacionadas com as mudanças climáticas. Recentemente, o governo Bush anunciou US$1 bilhão em créditos fiscais para tecnologia avançada de carvão limpo, que será parte essencial da nossa ampla estratégia para promover o desenvolvimento, a demonstração e a aplicação de energia sem emissão de poluentes para a nação e, futuramente, para o mundo.

Na esfera internacional, os Estados Unidos estão trabalhando em parceria com governos, organizações não-governamentais e setor privado para tratar da questão das mudanças climáticas. Brasil e EUA são parceiros nas iniciativas ¿Parceria para a Criação de Mercado de Metano¿, ¿Parceria Internacional para a Economia do Hidrogênio¿, ¿Parceria sobre Energia Renovável e Eficiência Energética¿, ¿Fórum de Liderança em Seqüestro de Carbono¿ e outras.

Além disso, os Estados Unidos negociaram acordos com grandes parceiros internacionais para realizar pesquisas sobre mudanças climáticas globais e instalação de sistemas de observação do clima, colaborar em tecnologias de energia e seqüestro de carbono, e explorar metodologias para monitoramento e medição das emissões de gases de efeito estufa. Desde junho de 2001, os Estados Unidos também iniciaram parcerias bilaterais para tratar da questão climática com 15 países (incluindo o Brasil) e organizações regionais que, junto com os Estados Unidos, respondem por quase 80% das emissões globais dos gases de efeito estufa. Atualmente, essas parcerias abrangem mais de 400 atividades em áreas de pesquisa e ciência da mudança climática, sistemas de observação do clima, tecnologias avançadas de energia limpa, captura, armazenamento e seqüestro de carbono, além de medidas políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

A política do presidente Bush reflete o entendimento de que a forma de lidar com as mudanças climáticas é inseri-las numa agenda ampla, que inclui o desenvolvimento econômico e engloba parcerias do mundo em desenvolvimento com vistas a atender às aspirações de nosso povo, nossa economia e nosso meio ambiente. O contínuo apoio à pesquisa fundamental das mudanças climáticas ¿ assentando as bases para ação futura por meio de investimento em ciência, tecnologia e instituições ¿ ajudará o mundo a tratar da questão de tal maneira que todos nós estaremos engajados em sua resolução. Desejamos continuar a contar com a cooperação do Brasil e dos nossos parceiros no mundo com o objetivo de encontrar soluções sustentáveis para os problemas ambientais que afetam a todos.

CLIFFORD SOBEL é embaixador dos Estados Unidos no Brasil.