Título: Nova geração quewr assumir o comando e renovar o PFL
Autor: Vasconcelos, Adriana e Lima, Maria
Fonte: O Globo, 24/12/2006, O País, p. 9

Metade da bancada eleita está no primeiro mandato

BRASÍLIA. Com seus caciques em baixa no cenário nacional ¿ seja por derrotas em seus estados, como é o caso do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ou pelo fim do mandato, como o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) ¿ o PFL está tendo de se renovar. Na tentativa de dar cara nova à legenda, que amargou na última eleição um dos seus piores desempenhos ao eleger apenas o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, os fundadores da antiga Frente Liberal começam a abrir espaço para uma geração de jovens deputados, como Rodrigo Maia (RJ), hoje o nome mais forte para suceder a Bornhausen no comando do partido.

Na briga pela liderança na Câmara despontam dois nomes eleitos este ano para o segundo mandato: o baiano Antonio Carlos Magalhães Neto e o gaúcho Onyx Lorenzoni. Um reflexo, de certa forma, da saída de cena de parlamentares mais experientes que ficarão sem mandato a partir do próximo ano, como é o caso dos deputados Roberto Brant (MG), Luiz Carlos Santos (SP), José Thomaz Nonô (AL), Moroni Torgan (CE), Laura Carneiro (RJ), Ney Lopes (RN) e Robson Tuma (SP).

A realidade é de que, dos 65 deputados eleitos pelo PFL para a próxima legislatura, 30 estão no primeiro mandato. Um levantamento preliminar feito pelo próprio partido indica ainda que a bancada pefelista na Câmara deverá ter a média de idade mais baixa da Casa. Essa nova geração, entretanto, inclui os filhos de alguns dos velhos líderes do partido como é o caso de Efraim Filho (PI), Felipe Maia (RN) e Fábio Couto (BA). O primeiro é filho do senador Efraim Moraes, o segundo, de Agripino Maia e o último, do governador da Bahia, Paulo Souto.

No Senado, uma cara nova é a da deputada ruralista Kátia Abreu, que derrotou o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB) e assume sua vaga pelo Tocantins. Ela diz que alguns representantes dessa nova geração devem ser escolhidos ministros informais de um ¿gabinete sombra¿ sugerido pelo prefeito do Rio , Cesar Maia, para fiscalizar o governo Lula.

¿ É uma nova geração, mas de líderes experientes, equilibrados e responsáveis. Essa meninada vai dar um novo gás na atuação do partido, sempre sob a orientação dos veteranos que seguraram o partido na oposição nesses quatro anos ¿ avalia Kátia Abreu.

Maia planeja presidir o partido

Para estimular o surgimento de novos nomes no PFL, a bancada da Câmara decidiu adotar sistema de rodízio na liderança. Cada líder eleito só poderá ficar um ano no cargo, que pode garantir não só poder dentro do Legislativo, como projeção nacional.

¿ A partir do rodízio, é natural que novos quadros se destaquem no cenário nacional ¿ diz Rodrigo Maia, que depois de passar pelo posto já traça planos bem mais ambiciosos.

Com o apoio de Bornhausen, que deverá trocar o comando do PFL pela direção do antigo Instituto Tancredo Neves, Maia tem boas chances de conquistar a presidência do partido, a despeito de algumas resistências. Especialmente de parlamentares mais velhos que o consideram ainda pouco experiente para o cargo. Maia, no entanto, não está sozinho nessa disputa.

Há quem defenda que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, fique com a vaga, para garantir espaço no cenário político nacional e assim se cacifar para disputar a reeleição em 2008. Outro nome cotado é o de Agripino Maia que, por enquanto, prefere investir na sua candidatura à presidência do Senado.

O processo de renovação não deverá significar o alijamento do antigos líderes do partido.

¿ A renovação é natural, mas tem de ser feita de maneira gradual para não perdermos a memória e a experiência que acumulamos ao longo da nossa história ¿ adverte o senador Antonio Carlos Magalhães.

Onyx Lorenzoni concorda:

¿ As grandes referências do partido completaram um ciclo histórico e agora se abre um novo. É preciso ter grandeza para dar um passo para o lado e permitir que novos nomes cheguem a pontos estratégicos, sem perder, contudo, o respeito que temos por essa geração.

Seu adversário nessa disputa, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, considera fundamental que o partido se una para enfrentar o desafio:

¿ É fundamental que exista predisposição para o consenso, afastando qualquer possibilidade de divisão e garantindo espaços para representantes de todos os setores e gerações.