Título: Caos continua nos aeroportos. No Tom Jobim, passageira é detida
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/12/2006, Economia, p. 25

TAM vende passagens, apesar da proibição, e sala de embarque é bloqueada

Revolta, confusão, falta de informação e até uma detenção marcaram a manhã de ontem no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, no Rio. Em outros aeroportos, os atrasos também continuaram. O movimento nas filas de check in no Rio, sobretudo da TAM, era caótico. Nenhum vôo tinha confirmação de decolagem nos painéis da Infraero, e os funcionários da companhia não sabiam dar informações sobre as partidas. Em meio à confusão que se formou no saguão do Tom Jobim, a TAM continuava vendendo passagens, agravando o quadro de desordem.

No pátio do aeroporto, havia três aeronaves da empresa aérea, mas a TAM não sabia quais seriam os destinos. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), estavam previstas as decolagens de dois Boeings 707 da FAB. Uma aeronave deveria ter decolado do Rio à 1h do sábado, com destino a Confins (MG), Salvador, Maceió. Outro vôo da FAB sairia na tarde de ontem.

Às 7h30m, sem previsão de embarques, o check in da TAM não estava aberto, embora já houvesse fila. Às 10h, cerca de 700 passageiros aguardavam, e a espera de alguns nas filas passava de quatro horas. Nesse horário, de acordo com o painel de informações do aeroporto, seis vôos da TAM estavam atrasados e outros 11 não tinham previsão para decolar.

A sala de embarque da empresa foi bloqueada pelos seguranças do aeroporto, que impediam a entrada dos passageiros, gritando e xingando para pedir ordem. Houve confusão e os passageiros reagiram, com frases como ¿Cadê o Aerolula?¿.

A passageira Miriam Bezerra foi detida depois de jogar um computador dentro de uma sala da TAM. Uma funcionária da companhia se atracou com Miriam, que embarcaria em um vôo previsto para as 7h, para Salvador. Um outro funcionário que tentou agarrar o equipamento quebrou o braço. Nervosa por não conseguir embarcar nem obter informações da companhia, Miriam foi levada para o posto da Polícia Federal (PF) no aeroporto, enquanto funcionários a chamavam de maluca. Uma supervisora da companhia aérea teria feito ameaças à passageira.

Muitos passageiros desistiram de viajar para o feriado de Natal e estavam indo embora. Entretanto, levavam aproximadamente duas horas para conseguir retirar suas bagagens. Ao tentarem registrar reclamações formais, os passageiros também recebiam a recusa dos funcionários para assinar o documento. Foi o que ocorreu com Gabriela Maria de Souza. Seu vôo para Salvador estava previsto para as7h. Precavida, Gabriela ligou para a TAM antes de sair de casa e foi informada de que a decolagem estava confirmada. Quando chegou ao aeroporto, porém, não havia sequer previsão. Quando viu o check in sem atendente, desistiu de viajar e resolveu fazer uma reclamação por escrito, mas, na sala da gerência, funcionários se recusaram a assinar a queixa:

¿ É lamentável toda essa situação. Vou procurar meus direitos. Não quero passar o Natal no aeroporto

Taís Peres, que chegou de Paris às 22h de sexta-feira, deveria pegar a conexão para Porto Alegre às 22h30m, mas o vôo foi adiado para as 7h de ontem. Ela passou a noite no aeroporto, num colchonete. De manhã, não havia previsão para seu embarque:

¿ A TAM não avisa nada. A gente não sabe de nada. Eu quero voltar para casa.

Segundo a rádio CBN, o aeroporto de Congonhas continuou registrando filas imensas no check in. No balcão da TAM, a fila tinha cerca de 50 metros e chegava até a calçada na área externa do aeroporto. No balcão da Gol, o mesmo problema estava acontecendo.

Segundo o G1, o portal de notícias da Globo, Congonhas foi autorizado a funcionar na madrugada, mas nenhuma aeronave decolou depois das 2h. Em Guarulhos, os atrasos chegam a 12 horas. Ainda segundo o G1, uma aeronave da FAB que estava programada para decolar às 8h de Salvador, para Maceió, saiu pelo menos uma hora depois do horário previsto.