Título: Ano que vem, guerra de tarifas à vista
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/12/2006, Economia, p. 25

Para analistas, passageiro pode sair ganhando com disputas entre empresas

Apesar de todos os problemas no setor aéreo, a começar pelo colapso da Varig ¿ que, em julho, praticamente ficou sem voar ¿, e passando pelo apagão aéreo que mudou para pior a rotina nos aeroportos, analistas prevêem que 2007 será o ano do passageiro. A expectativa é de aumento da oferta de assentos, devido à ampliação da frota de TAM e Gol e à entrada definitiva da Varig como terceira força do setor, além da volta das promoções, que no segundo semestre poderão provocar uma nova guerra de tarifas. Cenário que será o mais benéfico ao consumidor desde que os investimentos em infra-estrutura e solução de crises, como a dos controladores, sejam feitos.

O consultor Paulo Sampaio diz que, apesar da decadência da Varig, o ano de 2006, de um modo geral, foi bom para o transporte aéreo doméstico, sobretudo no primeiro semestre, quando as companhias ainda mantinham promoções atrativas para os consumidores:

¿ No primeiro semestre de 2006, o tráfego aéreo cresceu 22,6% em relação a igual período de 2005. Já no segundo semestre, a expectativa é fechar com crescimento de 5%. O ano de 2005 foi de muitas promoções das empresas líderes TAM e Gol. Isso perdurou até o primeiro semestre de 2006. Depois, não tivemos promoções suficientemente boas, e a demanda não foi estimulada.

Para ele, o ano de 2007 será o ano do passageiro no mercado doméstico, com a entrada nas frotas de TAM e Gol de ¿dúzias¿ de aviões:

¿- Além disso, vamos ter a reativação da Varig, que vai dar trabalho à concorrência. Isso vai provocar um excesso de oferta a partir de março.

Na avaliação do analista, de março a julho serão oferecidas boas promoções. De julho a dezembro, a oferta de bilhetes vai se transformar em uma guerra de tarifas. Para isso, será necessário investir ainda mais em infra-estrutura.

A analista Amarylis Romano, da consultoria Tendências, lembra que o crescimento deixou expostos problemas de infra-estrutura antes encobertos:

¿ É fato que a Infraero tem uma verba que não está sendo aplicada. Fora isso, existem problemas como a definição das atribuições de cada órgão.

Para ela, 2007 terá como principal problema a questão dos controladores. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Marco Antonio Bologna, que também é presidente da TAM, afirma que é preciso discutir questões ligadas à infra-estrutura e à criação de um plano de carreira para os controladores.

Segundo Bologna, o governo reconhece a necessidade de investimentos em infra-estrutura e, para isso, existem recursos como R$1,1 bilhão em tarifas aeroportuárias de 2007, além do saldo disponível nos fundos aeroviário e aeronáutico de R$2 bilhões.