Título: Troca de diretor preservaria política monetária
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 24/12/2006, Economia, p. 28

Possível substituto no cargo de Bevilaqua tem perfil conservador

BRASÍLIA. Mesmo uma possível saída do diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua ¿ apontado como o grande defensor da política de juros altos, que travaria o crescimento ¿ não mudaria a postura da autoridade monetária, uma vez que é praticamente certa a permanência de Henrique Meirelles à frente da instituição no segundo mandato do presidente Lula.

Assim, a linha geral de atuação seria mantida ¿ ainda mais que, para substituir Bevilaqua, uma das principais apostas do mercado é o nome do atual diretor de Estudos Especiais do BC, Mário Mesquita. Mesquita tem perfil parecido com o de seu colega, ou seja, mais conservador. Meirelles não esconde sua simpatia por ele e costuma levá-lo em reuniões importantes da equipe econômica.

Mas não é difícil achar quem defenda que o BC pode ser mais atuante no processo de crescimento econômico do país. O ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas Gomes, hoje na Confederação Nacional do Comércio (CNC), critica os sinais de conservadorismo dados pela atual equipe. Ou seja, ao falar em ¿maior parcimônia¿ nas últimas atas do Comitê de Política Monetária (Copom, que estabelece a Taxa Selic), a autoridade monetária pode ter esfriado além da conta o apetite do setor produtivo por mais investimentos.

¿ A trajetória de queda dos juros tem de ser mais explícita ¿ acredita Freitas.

Dentro do BC, costuma-se argumentar em conversas que os juros, diferentemente do que diz parte do quadro do Ministério da Fazenda, não tem tanto peso sobre os investimentos, porque a Selic não é parâmetro para os financiamentos do setor produtivo. Para os empresários, mais importante é a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), referência para os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A TJLP cairá de 6,85% para 6,5% ao ano no próximo trimestre.