Título: Irã rejeita resolução da ONU e acelera programa nuclear
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Fonte: O Globo, 25/12/2006, O Mundo, p. 18

Ahmadinejad diz que países se arrependerão, e Teerã anuncia 3 mil centrífugas

TEERÃ. O Irã condenou ontem a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU contra seu programa nuclear e prometeu acelerar seu processo de enriquecimento de urânio imediatamente. O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que os países que apoiaram a medida em breve se arrependerão de "seu ato superficial", enquanto o chefe das negociações nucleares, Ali Larijani, anunciou que o Irã começará a instalação de três mil centrífugas na usina de Natanz, no centro do país, em resposta à decisão da ONU.

A resolução 1.737, adotada no sábado por unanimidade pelos 15 membros do conselho, exige que Teerã suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio - que pode ser usado para a fabricação de bombas - em 60 dias. Se o Irã não cumprir a exigência, o texto proíbe os Estados-membros de fornecerem material e tecnologia que possa ser usada em programas nucleares e de mísseis. Pode ainda congelar contas de empresas e pessoas envolvidas neles.

- O Irã é um país nuclear, queira o Ocidente ou não - disse Ahmadinejad, que acusou o conselho de estar a serviço dos EUA, de Israel e do Reino Unido. - Eles tentam dividir os iranianos e imaginam que com esse pedaço de papel podem nos assustar. Desistam desse jogo de fantoches. Vocês não podem nos enviar mensagens secretas amigáveis e ao mesmo tempo mostrar dentes e garras.

Além disso, o Parlamento iraniano aprovou ontem um projeto de lei para que o governo reconsidere sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU. O projeto foi aprovado por 184 dos 202 parlamentares presentes. Após a votação, muitos deputados gritaram: Morte aos EUA. Num comunicado, os parlamentares disseram que o governo não deve "aceitar pressões ilógicas". O projeto precisará ainda ser ratificado pelo Conselho de Guardiães.

China pede maior esforço diplomático

O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos e disse que a decisão do Conselho de Segurança é ilegal.

A China, um dos membros do conselho, pediu a retomada das negociações na tentativa de evitar um confronto. "A China pede a todas as partes que continuem com os esforços diplomáticos por uma retomada das conversas em breve e pela busca de uma solução ampla e de longo termo", disse um comunicado do Ministério do Exterior chinês.

Enquanto Reino Unido, França e Alemanha pediram que o Irã volte às negociações, os EUA buscam medidas mais duras. Já o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse ontem que a decisão do conselho era significativa e que esperava resultados positivos que impeçam a proliferação nuclear.