Título: Vôo incompleto
Autor: Amora, Dimmi e Araújo, Paulo Roberto
Fonte: O Globo, 26/12/2006, Rio, p. 10

Rosinha inaugura amanhã mais uma obra inacabada: o Aeroporto de Cabo Frio

Agovernadora Rosinha Garotinho inaugura amanhã mais uma obra que seu governo não conseguiu terminar antes do fim de seu mandato: a ampliação do Aeroporto Internacional de Cabo Frio. Embora o dinheiro do governo federal estivesse disponível desde 2004, atrasos na liberação dos recursos estaduais prejudicaram o andamento da obra que, a exemplo da estação do metrô de Cantagalo, do sistema de saneamento da Barra e da urbanização do Morro Dona Marta, será entregue incompleta pelo atual governo.

Somente na sexta-feira passada foi publicada no Diário Oficial a última liberação de recursos do estado, no valor de R$2,7 milhões, para assegurar o término do empreendimento em janeiro. A obra de ampliação custou R$30 milhões. O concessionário fez a adequação do terminal de passageiros, que custou R$1 milhão. Do restante, 70% são recursos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (Profaar), dados pelo governo federal a fundo perdido, e 30% são do governo do estado.

A demora do governo estadual para liberar sua parte dos recursos fez com que atrasasse a expansão da pista de 1.700 para 2.560 metros. O novo terminal de passageiros e uma pista de dois mil metros que serão abertos, porém, já serão suficientes para iniciar as operações.

Aeroporto receberá vôos internacionais

Com a ampliação, o Aeroporto de Cabo Frio se tornará o único do país administrado pela iniciativa privada com capacidade para receber vôos internacionais. Ele foi construído em 1998 pelo governo estadual e entregue, em seguida, para a prefeitura local administrar. Em 2001, o governo municipal decidiu fazer uma concorrência para conceder a operação do aeroporto à iniciativa privada. O principal objetivo da concessão era viabilizar o aeroporto para receber vôos turísticos internacionais, principalmente da Argentina. Com a crise econômica no país vizinho, os planos foram refeitos.

¿ Passamos a ter mais interesse no transporte de cargas para a Bacia de Campos ¿ explica o presidente do consórcio, Murilo Junqueira, acrescentando que o modelo de concessão está sendo estudado pelo governo como uma das medidas para acabar com a crise aérea.

Mesmo sem receber aviões, o Aeroporto de Cabo Frio já é o maior arrecadador de ICMS da cidade porque o terminal de cargas continua operando. Segundo o secretário municipal de Indústria e Comércio, Ricardo Valentim, deve movimentar este ano US$300 milhões, gerando uma receita de R$70 milhões de ICMS. As encomendas desembarcam no Aeroporto Tom Jobim, no Rio, e seguem para exame na alfândega em Cabo Frio.

O terminal de cargas será a principal fonte de receita do aeroporto, estando previsto para 2007 o movimento de US$1 bilhão. Já está acertado um vôo semanal de cargas de Miami para Cabo Frio, a partir de janeiro. Mas o aeroporto será conhecido mesmo pela movimentação turística que deverá receber. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Maurício Chacur, destaca que, além do turismo, o aeroporto será um importante fator de atração de indústrias. A ampliação viabilizou o resort que a rede Club Med construirá na Praia do Peró, em Cabo Frio.

¿ O potencial desse aeroporto é imensurável. Ele fica entre a Bacia de Campos e a nova refinaria. É um aeroporto-indústria, o que facilita a instalação de empresas ao redor, que podem produzir bens e serviços para exportação com muita facilidade ¿ disse Chacur.

Segundo o secretário municipal de Turismo, Gustavo Beranger, a Gol já está instalando seu balcão para iniciar dois vôos semanais para Buenos Aires, com escala no Tom Jobim. Outras empresas já procuraram o município, interessadas na rota:

¿- Para janeiro, dependendo das condições do aeroporto, já estão acertados com duas agências dois vôos charter semanais para cada uma, vindos do Chile e Argentina. O aeroporto atenderá não só a Cabo Frio, mas também a todas as cidades turísticas da região, como Búzios, Rio das Ostras e Macaé.

O aeroporto é tão importante para Cabo Frio que foi desapropriada, por R$5 milhões, uma área da companhia Álcalis e anexada ao aeroporto.