Título: Oposição reage a ameaça de veto
Autor: Damé, Luiza e Beck, Martha
Fonte: O Globo, 28/12/2006, O País, p. 3

A declaração de Lula pode soar como provocação, diz o tucano Gustavo Fruet

BRASÍLIA. A ameaça de veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a qualquer iniciativa do Legislativo que eleve o salário mínimo acima dos R$380 acordados com as centrais sindicais foi mal recebida pela oposição. O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), antecipou que tentará aumentar o valor do mínimo durante a discussão da medida provisória que deve ser enviada ao Congresso em 2007.

¿ O presidente não pode fechar um acordo com três ou quatro sindicalistas vendidos e achar que essa é a posição do país. Ele acha que pode impor sua posição ao Parlamento. Isso é um desrespeito ao papel de cada um dos poderes da República. Isso não é normal numa democracia, a não ser que o presidente não queira uma democracia ¿ disse Maia. ¿ A gente pode propor um valor diferente dos R$380, pois estamos em busca do maior valor possível. Se o presidente quiser vetar, é um direito constitucional dele. Mas não precisa ficar nervoso.

Maia disse que a Câmara existe para representar a sociedade e, dessa forma, tem o direito de alterar e discutir decisões do Executivo. Para o pefelista, o acordo fechado entre Lula e as centrais sindicais é um absurdo.

¿ Há uma relação de dependência entre as centrais sindicais e o governo federal. Cada vez mais os recursos do FAT (Fundo de Amparo aos Trabalhadores) estão concentrados nas mãos dessas centrais. É por isso que as secretarias municipais e estaduais de Trabalho estão acabando. Não dá para o Congresso aceitar acordos feitos em reuniões fechadas ¿ disse Maia.

Para tucano, nova discussão no Congresso é inevitável

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) também acusou o governo de de boicotar a negociação com o Congresso. Embora com um discurso mais ameno, ele considera inevitável a reabertura da discussão sobre o reajuste do salário mínimo. Segundo o tucano, o Congresso sempre trabalha para garantir um valor maior para o mínimo, e em 2007 não deve ser diferente.

¿ Uma declaração como essa do presidente pode soar até como provocação. O governo não foi nada hábil ao excluir o Congresso da negociação com as centrais sindicais. Se o presidente vetar uma decisão diferente do Legislativo, vai sinalizar logo no primeiro ano do seu segundo mandato o tipo de relação que quer manter com o Parlamento ¿ advertiu Fruet.