Título: Yeda propõe arrocho fiscal e abre crise no RS
Autor: Oliveira, Chico
Fonte: O Globo, 28/12/2006, O País, p. 8

Assembléia gaúcha vota amanhã pacote que eleva impostos; governadora eleita enfrenta oposição até de aliados

PORTO ALEGRE. A Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul vota amanhã um pacote de seis medidas enviado a pedido da governadora eleita Yeda Crusius (PSDB). O texto propõe o aumento do ICMS para diversos produtos, como refrigerantes, cervejas e cigarros; a manutenção de alíquotas elevadas para telefonia, energia elétrica e combustíveis; e a extinção de subsídios. Yeda também anunciou um corte de 20% nos cargos comissionados e de 30% no custeio da máquina pública, além do congelamento por dois anos dos salários do funcionalismo.

O arrocho provocou forte reação até de aliados da governadora eleita. Dois secretários indicados por Yeda ¿ para as pastas de Planejamento e Justiça ¿ desistiram de assumir os cargos. O vice-governador eleito, Paulo Afonso Feijó, também protestou.

¿ A intenção é boa, mas a dosagem está equivocada ¿ disse ele, alertando para o risco de empresas abandonarem o estado ou pedirem falência.

Eleita com a promessa de um ¿um novo jeito de governar¿, Yeda surpreendeu os gaúchos com as propostas de aumento de impostos e arrocho salarial. A governadora eleita explicou que há um déficit de R$2,3 bilhões estimado para 2007 e disse que o pacote foi uma forma de ¿reverter essa tendência¿.

Investimentos, só a partir de 2009, diz secretário

O futuro secretário de Fazenda, Aod Cunha, saiu em defesa do pacote.

¿ O Rio Grande do Sul tem os maiores gastos com pessoal sobre a receita corrente líquida, o maior gasto com inativos, o pior resultado orçamentário, o maior passivo total com a União e com dívidas de curto prazo e a menor taxa de investimento sobre a receita líquida. Queremos criar condições para, nos dois últimos anos do governo, investir 10% da receita líquida em saúde, educação, segurança e outras áreas prioritárias ¿ afirmou.

Yeda diz que não há um plano B, mas, diante das dificuldades de aprovação na Assembléia e de forte pressão de federações de comércio e indústria, começa a estudar alternativas para o caso de as propostas não serem aprovadas. Dos 55 deputados estaduais, 15 já fecharam posição contra o pacote.