Título: Rosinha afirma que festa de réveillon será tranqüila
Autor: Ramalho, Sérgio e Araújo, vera
Fonte: O Globo, 30/12/2006, Rio, p. 11

Governadora diz que tomou todas as medidas de segurança

A governadora Rosinha Garotinho tranqüilizou ontem a população sobre a segurança do réveillon. Ela disse que todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a paz na festa:

- A polícia está na rua, os blindados estão na rua. A equipe de inteligência está a postos. O sistema penitenciário está atento e nós estamos fazendo todo o trabalho para que se tenha tranqüilidade no réveillon.

Rosinha negou haver divergências em relação aos motivos que levaram aos ataques. O secretário de Segurança, Roberto Precioso, havia dito que eles foram orquestrados por presos "forçando a barra" para negociar regalias no próximo governo. Já o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, disse que eram uma reação de facções criminosas às milícias.:

- Não tem divisão, tem apuração. Eu mandei investigar. Um abordou um lado da apuração e outro abordou um problema que já existe também, que é o regime disciplinar que existe no presídio. Então não existe divisão. Nós estamos investigando qual é a verdade.

Ela tentou ainda desfazer o mal-estar causado pelo desencontro de informações:

- Quero deixar bem claro que houve um mal-entendido nas palavras do (Roberto) Precioso quando ele falou em intimidar ou tentar negociar com o próximo governo, porque, na verdade, existe uma vontade muito grande que se acabe com o sistema disciplinar que existe hoje nos presídios. Então, numa troca de governo, é bem provável que queiram acabar com o sistema que existe lá.

Rosinha voltou a dizer que a polícia não desprezou as informações da inteligência sobre a a iminência de um ataque:

- As autoridades tinham conhecimento e agiram, colocando a polícia na rua e evitando o que a bandidagem queria que acontecesse. Nós sabemos que foram momentos difíceis, mas longe do que estava previsto para acontecer.

Ela rechaçou também comparaçôes dos ataques do Rio com os de São Paulo:

- Aqui aconteceu um problema que foi controlado pela polícia, porque foi detectado anteriormente.

SAIBA MAIS SOBRE O RÉVEILLON , páginas 20 e 21

Ataques deveriam ter sido evitados

Especialista critica estratégia

O coronel da reserva da PM e ex-secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente Filho disse ontem que o serviço de inteligência da polícia errou ao permitir que ocorressem os ataques em que 18 pessoas foram mortas, uma vez que já se sabia, há pelo menos um mês, dos planos dos bandidos expulsos de seus redutos por milícias formadas por PMs e bombeiros da ativa e da reserva.

- Existe um fundamento nos setores de inteligência: sabendo-se que um crime vai ocorrer, aguarda-se que ele aconteça para que se faça a prisão em flagrante. Mas isso em caso de contrabando ou de um carregamento de drogas - disse José Vicente. - Nesse caso no Rio, o objetivo deveria ser não deixar que os ataques ocorressem. Foi um absurdo.

Já o antropólogo Gilberto Velho, professor do Museu Nacional, disse que a informação sobre o ataque era corrente:

- A empregada de dois ex-alunos meus que mora no Morro do Borel, na Tijuca, disse a eles há uma semana que na madrugada do dia 28 ia haver um grande ataque de bandidos na cidade. Não sei se a polícia tem recursos para uma ação preventiva. Até delegacias foram surpreendidas. Deviam estar todas preparadas.