Título: Ministro defende Chávez sobre licença de TV
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 30/12/2006, O Mundo, p. 30

Rede mais antiga da Venezuela pode deixar de ir ao ar em março

CARACAS. O ministro das Comunicações da Venezuela, William Lara, defendeu ontem o presidente Hugo Chávez, e reafirmou a intenção do governo de não renovar a licença do canal de TV Radio Caracas Televisión (RCTV). A rede, assim como outros meios de comunicação críticos ao presidente, são acusados por Chávez de participarem de um complô para derrubá-lo. Segundo Chávez, a licença da RCTV - a primeira TV comercial fundada na Venezuela, em 1953 - vence em março de 2007. Na quinta-feira, o presidente disse que não iria renová-la. A oposição criticou a medida, descrevendo-a como uma "ameaça à liberdade de expressão".

- A não renovação da licença não é um ato de perseguição política. Entre as razões para não a renovarmos, está o fato de que a rede perturba a paz, o clima político, social e econômico da Venezuela. Além disso, o contrato de concessão é repleto de problemas - disse o ministro.

Lara, no entanto, garantiu que os bens da TV não serão expropriados, como vem comentando a oposição, e "pertencem aos acionistas".

O presidente da RCTV, Marcel Granier, afirmou que a rede possui licença para operar até 2020 e anunciou que a cadeia defenderá seus direitos em "instâncias nacionais e internacionais".

A imprensa venezuelana reagiu à decisão do governo. "Trata-se praticamente de uma expropriação", escreveu Miguel Otero, diretor do jornal "El Nacional", um dos mais influentes do país. "Será que outros meios serão também ameaçados?", indagou. Esta é a primeira decisão do tipo tomada por Chávez em oito anos de poder. Para a oposição, trata-se de uma amostra de seu autoritarismo e desejo de implantar um sistema de partido único no país.