Título: Educação viveu um período de contrastes
Autor: Rocha, Carla e Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 31/12/2006, Rio, p. 22

Escolas do estado, que têm mais alunos e menos formandos, estão entre as piores e as melhores em testes

Uma escola colocada em primeiro lugar na avaliação do Prova Brasil. Outra em último. Mais alunos nas escolas, mas menos gente concluindo o ensino médio. Quase 25 mil novos professores contratados, mas com salários sem reajuste há dez anos. É com esses contrastes que o atual governo encerra seu ciclo num setor primordial para o desenvolvimento do estado: a educação pública.

O Prova Brasil foi um teste realizado em 2005 pelo Ministério da Educação para avaliar o desempenho dos alunos de escolas públicas do ensino fundamental. O governo estadual, mesmo não sendo sua atribuição, ainda controla boa dessa rede. Escolas daqui foram as primeiras nas provas de leitura e matemática da 4ª série. Mas, das dez notas mais baixas na 4ª série em leitura, seis são do Rio, incluindo a pior.

Niskier: "Alunos estão recebendo ensino melhor"

No ensino médio, o governo também tem bons números para mostrar. O estado é hoje o mais bem colocado nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O volume de matrículas vem aumentando. Rosinha cita números da Fundação Getúlio Vargas que mostrariam um crescimento de 109% nas matrículas do ensino médio no Rio, entre 1997 e 2005, enquanto houve queda de 35% no país. Mas dados da Fundação Cide, do governo do estado, mostram que, de 1998 a 2005, o aumento foi de 30%.

O número de concluintes (alunos no último ano) das escolas estaduais não cresce na mesma proporção das matrículas. Em 1998, 125 mil jovens terminaram o ensino médio. Em 2005, o número foi 15% maior, 144 mil (o mesmo de 2001).

- Existe um discurso de que a educação piorou, mas aconteceu o contrário. Alunos do ensino médio estão recebendo um ensino melhor, com mais livros e computadores. Temos um treinamento de professores à distância que está estimulando a categoria, com grande adesão - defendeu o secretário de Educação, Arnaldo Niskier, que assumiu o cargo apenas em abril deste ano.

Rosinha propagandeia ter construído, com o marido, 238 salas de aula (o equivalente a 20 novas escolas) e um colégio. Mas, segundo a Cide, o número de escolas estaduais caiu de 1.955, em 1998, para 1.704, em 2005. Por isso, é cada vez maior o número de colégios compartilhados entre o estado e os municípios, o que impede alunos de estudar de dia.

A análise de dados do Tribunal de Contas mostra que o estado está gastando, em valores atualizados, 22% menos em educação que em 1998. O Nova Escola, que consiste em gratificar os professores pelo desempenho, com bônus de R$100 a R$500 por mês, gastou R$192 milhões com premiação.

Nova Escola recebeu críticas de professores

Os critérios de avaliação variaram, levando os professores a reclamarem. O projeto foi o único incremento na remuneração dos docentes, sem reajuste há dez anos.

Apesar da contratação de 45 mil novos servidores, o Sindicato dos Professores denuncia que ainda faltariam 25 mil. Para compensar, o governo completa o quadro com temporários ou docentes que dobram a carga horária. Com isso, o problema da falta de professores diminuiu, mas ainda existe em algumas disciplinas. Niskier disse que, ao assumir a secretaria, com professores em greve, trabalhou pelo entendimento:

- Recebi os professores por sete vezes. Pacificamos a secretaria e deixamos elaborado um plano de cargos, que prevê aumento médio de 67%. Meu sonho era executá-lo, mas ficará a cargo do futuro governo.