Título: Governador eleito do Rio começará amanhã gestão repleta de desafios
Autor: Rocha, Carla e Amora, Dimmi
Fonte: O Globo, 31/12/2006, Rio, p. 22

Rosinha não respondeu a ofício com perguntas sobre situação do estado

Uma cerimônia simples, e principalmente, rápida. É assim que o governador eleito do Rio, Sérgio Cabral, pretende tomar posse no cargo amanhã. Cabral deseja cumprir os rituais exigidos sem atrasos para conseguir viajar para Brasília, onde vai assistir à posse do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva. Ele vai precisar mesmo estar ao lado do presidente. Com tantos problemas herdados, sem a ajuda do governo federal será difícil que o governador eleito tenha êxito em seu período no palácio Guanabara.

O evento começa às 10h na Assembléia Legislativa e termina no Palácio Guanabara por volta das 13h30m, onde ele dá posse a seus secretários que já iniciam o dia seguinte com grandes desafios. Sem informações precisas sobre a atual gestão, já que Rosinha não respondeu ao ofício com pedidos de informações sobre 30 questões do atual governo, muitos já terão que dar respostas rápidas aos problemas da administração.

Na saúde, por exemplo, o novo secretário não sabe como estão os esquemas de plantões nos hospitais e se haverá médicos para o trabalho na primeira semana. Na área financeira, o governador eleito tem dúvidas de que vá receber dinheiro suficiente para pagar os primeiros compromissos do governo, principalmente os vencimentos dos servidores, apesar de a atual governadora garantir que há recursos.

Déficit será de mais de R$2 bilhões, estima TCE

Estimativas do Tribunal de Contas do Estado (TCE), feitas em maio passado, apontam que o atual governo deve entregar o caixa com um déficit entre R$1,5 bilhão e R$2 bilhões. Os últimos números mostram que a realidade não será muito diferente. O atual governo tem gastos em setores como educação, saúde e saneamento menores que em 1998. A falta de investimentos fez com que muitos serviços se deteriorassem, deixando uma dívida a ser resgatada.

A máquina pública herdada por Cabral arrecada mal e gasta pior ainda. De 2003 ao início de 2006, a arrecadação de ICMS estava em queda no Rio. A partir de abril desde ano, os valores voltaram a subir, mas ainda estão num nível abaixo do crescimento do períodos dos outros estados. Enquanto muitos estados já estão com todos os processos informatizados, no Rio ainda se usa papel em vários setores da fiscalização.

Os gastos com a manutenção da máquina só crescem. O governo gastou R$4,1 bilhões com serviços de terceiros em 2005. Além disso, o Rio paga cada vez mais juros por sua dívida com a União. Já as despesas com pessoal e com investimentos (obras publicas, compra de novos equipamentos etc) caíram. Em 2005 os investimentos corresponderam a ridículos 4,5% da receita, valor 2,5 vezes menor que em 1998.

Com isso, o governador assume com obras importantes, como no caso do Programa de Despoluição da Baia de Guanabara (PDBG), o saneamento da Barra, o Metrô entre outras, andando a passos de tartaruga. Várias categorias do serviço público estão reivindicando reajustes por estarem com salários sem reajustes há 10 anos, como é o caso dos professores. Além dos reajustes, Cabral terá também que reduzir em muito o número de terceirizados contratados irregularmente.

Como o governo vai mal, a economia do estado segue sem grandes melhoras. Retirada a indústria petrolífera, que não paga ICMS no local onde o petróleo é retirado, a produção industrial do Rio apresenta queda. O PIB cresce no estado como um todo devido ao crescimento do interior, mas na Região Metropolitana apresenta uma queda. Como é a região que concentra a maior parte da população, o desemprego e a pobreza cresceram.

Mas há esperança. Grandes empresas decidiram, durante o atual governo, se instalar no Rio. Estes projetos, como a construção de refinarias, siderúrgicas, portos e outras indústrias, deverão dar um incremento tanto na receita do estado como na economia fluminense. Uma ajuda do futuro governador também é bem-vinda.

Mas antes de enfrentar os problemas do estado, o governador pretende fazer uma celebração de réveillon em sua casa, em Mangaratiba, com familiares e amigos. De lá, ele virá de helicóptero para o Rio. A previsão é que ele chegue à Alerj entre 9h30m e 9h45m. Cabral estará com a mulher, Adriana, o vice-governador eleito Luiz Fernando Pezão e da esposa dele, Maria Lúcia.

Na mesa onde ele toma posse estarão o cardeal arcebispo do Rio Dom Eusébio Scheid; o presidente do Tribunal de Justiça, Sérgio Cavalieri; o vice-prefeito do Rio, que estará no exercício do cargo de prefeito, Otávio Leite, e a deputada estadual Graça Mattos, primeira secretária da Alerj.

Às 11h30m, Cabral deverá estar chegando ao Palácio Guanabara. O governador assistirá ao desfile Desfile da Guarda de Honra da 1 ª Companhia Independente da Polícia Militar e depois segue para o salão nobre do palácio onde será recepcionado pela governadora Rosinha Garotinho e pelo marido dela, Anthony Garotinho.

Rosinha e Cabral fazem discursos e, ao terminarem, ele conduzirá o casal até as escadarias do Palácio. Depois Cabral dará posse aos secretários no Jardim de Inverno. Após a posse, o novo governador participará de uma missa ecumênica na capela do Palácio.

Governador eleito tem dúvidas de que receberá dinheiro suficiente para pagar compromissos