Título: Nordeste foi a região que mais perdeu com o caos nos aeroportos
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 31/12/2006, Economia, p. 29

Ano Novo será novo teste para movimento de turistas em janeiro e fevereiro

BRASÍLIA. O turismo do Nordeste foi o mais prejudicado pelo caos ocorrido nos aeroportos durante o Natal. Isso porque, segundo o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Márcio Favilla, a maior parte das pessoas que optam por viajar para esses destinos utiliza o transporte aéreo. Ele lembrou que São Paulo é o principal estado emissor de turistas do país, que viajam para o Nordeste principalmente de avião.

- Para cada nordestino que embarca de férias para São Paulo, existem sete paulistas que embarcam para o Nordeste - disse Favilla.

Mesmo assim, a queda no número de turistas brasileiros tem sido compensada, em parte, pela chegada de estrangeiros. De acordo com o secretário-executivo, tem havido um crescimento no número de vôos diretos do exterior para os estados nordestinos. A portuguesa TAP, por exemplo, faz vôos diretos para Fortaleza, Recife, Salvador e Natal.

Favilla afirmou que a confusão nos aeroportos também ajudou a estimular o turismo no Sudeste, especialmente no Rio e em São Paulo:

- Esses litorais estão recebendo um número maior de reservas em hotéis do que o esperado. Muitos turistas deixaram de viajar para locais mais distantes com os problemas nos aeroportos.

Segundo secretário, turismo no Sul não sofreu alterações

Já na Região Sul, o turismo não sofreu grandes alterações com o caos aéreo. Isso porque a maior parte dos turistas brasileiros viaja para esses estados de carro ou ônibus. Já os estrangeiros costumam vir de países vizinhos em vôos diretos.

- O Sul não tem sentido o problema dos aeroportos com muita intensidade - afirmou Favilla.

O turismo da Região Norte, por sua vez, depende do transporte aéreo. Mas como o fluxo de viajantes não é grande mesmo no fim do ano, o impacto do caos no setor aéreo é menor do que o verificado na Região Nordeste.

Favilla ressaltou ainda que o comportamento dos turistas ao longo dos meses de janeiro e fevereiro do ano que vem poderá mudar de acordo com o que acontecer nos aeroportos na comemoração do Ano Novo e também na próxima semana.

- Se tudo correr bem e não houver problemas nos aeroportos, quem tinha desistido de viajar de avião poderá mudar de idéia e buscar outros destinos para as férias ao longo de janeiro - disse o secretário-executivo.

Os prejuízos nos estados

CEARÁ: As perdas em um dos estados que mais recebem turistas devem ficar entre 15% e 20%, de acordo com estimativas da associação de hoteleiros do estado. Além disso, com a falência da espanhola Air Madrid, mil turistas estrangeiros deixaram de chegar a Fortaleza por semana.

PERNAMBUCO: Com mais de 50% do turismo apoiados no transporte aéreo, as estrelas do estado estão vazias. Os cancelamentos podem chegar a 30%. Em Porto de Galinhas, por exemplo, os hotéis estão cheios de vagas.

BAHIA: Em Salvador, a ocupação no réveillon é de 60%, contra os 100% habituais.

RIO GRANDE DO NORTE: Com uma previsão de queda no movimento de 35%, há quartos sobrando em Natal. Segundo Enrico Fermi, presidente da Abih-RN, apenas um grande hotel da orla estima prejuízos de R$1,5 milhão. As contratações de funcionários temporários foram suspensas.

PARAÍBA: Os hoteleiros voltaram sua publicidade para os turistas regionais que viajam de carro e ônibus. Mesmo assim, esperam queda de 20% na ocupação.

ALAGOAS: A expectativa era ter 90% de ocupação. Mas, agora, a taxa baixou para 60% a 70%. O movimento até agora caiu 30%.

MARANHÃO: A capital São Luiz e os Lençóis Maranhenses são os destinos que mais sofreram com o apagão aéreo. Mesmo assim, o setor hoteleiro ainda espera lotação esgotada no réveillon.