Título: Xiushui, onde bolsas Prada saem por US$19
Autor: Scofield Jr, Gilberto
Fonte: O Globo, 01/01/2007, Economia, p. 25

Mercado clandestino já é o terceiro destino turístico, atrás da Cidade Proibida e da Grande Muralha

PEQUIM. O combate à pirataria está nas campanhas de TV e nas reportagens nos jornais. Até um telefone, no estilo disque-denúncia, foi criado em agosto. Mas o lucro gerado por esta indústria ilegal, tanto para quem vende quanto para quem compra ¿ um DVD legal custa cerca de 40 yuans (US$5,08), enquanto um pirata, entre 10 e 15 yuans (US$1,27 e US$1,9) ¿, estimula o negócio informal. Não é por outra razão, portanto, que um mercado de pechincha como o Xiushui, na Avenida Chang An de Pequim, seja o terceiro destino turístico da cidade, depois da Cidade Proibida e da Grande Muralha.

No mês passado, enquanto presidentes e primeiros-ministros africanos se encontravam com autoridades chinesas para discutir um pacote de ajuda de US$5 bilhões da China ao continente, as primeiras-damas se esbaldavam no Xiushui comprando bolsas piratas Prada e Louis Vuitton por 150 yuans (US$19). Ou relógios Calvin Klein e Patek Philippe por 50 yuans (US$6,34).

No mercado high-tech Zhingguancun ¿ também chamado de Vale do Silício ¿, estima-se que a receita anual das milhares de lojinhas chegará a um trilhão de yuans (US$126,9 bilhões) em 2010. Nestes locais, dizem especialistas, a falta de fiscalização ostensiva sugere um nível de corrupção que deixa felizes fiscais, lojistas e, ao fim e ao cabo, fregueses sem escrúpulos, que compram um iPod de 60GB (e procedência duvidosa) por meros US$200. (G.S.J.)