Título: Indústria da pirataria desafia o governo chinês
Autor: Scofield Jr, Gilberto
Fonte: O Globo, 01/01/2007, Economia, p. 25

Apreensões crescem, mas comércio muda até horário de funcionamento para driblar a fiscalização das autoridades

PEQUIM. A notícia ganhou destaque nos grandes jornais estatais chineses: depois de 100 dias de intensa campanha anti-pirataria, o governo da China anunciou que 3.014 lojas de DVDs, CDs e programas piratas para computadores, inclusive jogos, foram fechadas por fiscais da Administração Nacional de Direitos Autorais da China (NCAC, da sigla em inglês). Nada menos que 8,3 milhões de produtos foram confiscados e cerca de 9.508 vendedores, fichados.

Em duas das maiores e mais freqüentadas lojas de DVDs piratas da região de bares conhecida como Sanlitun ¿ em frente ao Tong Li Studio e dentro do mercado conhecido como Friendship Store ¿, no entanto, a mudança nos últimos três meses se limitou ao horário de atendimento. As lojas permaneceram fechadas até 17h30, abrindo no minuto seguinte e assim funcionando até meia-noite.

¿ Os fiscais do governo só trabalham até 17h30. Depois, dá para abrir e vender os DVDs sem o menor problema. Agora que a campanha acabou, voltamos ao horário normal ¿ explica uma vendedora.

Apesar dos esforços, o combate à pirataria é tarefa que parece não ter fim, admite a diretora do Departamento de Direitos Autorais da NCAC, Duan Yuping. Para ela, a tecnologia digital complica o trabalho.

¿ A produção digital se sofisticou e exige equipamentos cada vez menores, com capacidade de copiagem enorme. ¿ diz. ¿ Ano passado, confiscamos quase 107 milhões de DVDs, CDs, softwares e videogames piratas. Nos últimos três anos, desmontamos mais de 200 fábricas ilegais, especialmente nas províncias de Guangdong e Fujian, no Sul da China, e Xangai. Mas novos criminosos abrem outras fábricas e o trabalho continua.