Título: Lula critica 'pensamento economês' e pede pressa no Pacote de Cidadania
Autor: Damé, Luiza e Gois, Chico
Fonte: O Globo, 03/01/2007, O País, p. 4

Na primeira cerimônia oficial de 2007, o presidente Luiz Inácio lula da Silva criticou ontem o "pensamento economês" e cobrou dos ministros da área social o Pacote de cidadania, citando como beneficiados assentamentos, comunidades indígenas e de quilombolas. lula disse que há um ano cobra esse pacote dos ministros.

Ao condenar o que chamou de "pensamento economês", lula disse que, se dependesse dos economistas e consultores do mercado, o governo não teria realizado o programa Luz para Todos, por exemplo. Segundo ele, o pacote levará às comunidades serviços de saúde, educação e de informática, juntamente com os financiamentos facilitados pelo governo. Em alguns locais, segundo ele, isso já ocorre. lula falou sobre o assunto ao comemorar o alcance da meta de 5 milhões de beneficiados pelo Luz para Todos.

- Faz um ano que estou pedindo aos ministros da área social: temos que ter uma espécie de pacote de cidadania, ou seja, quilombola, terra indígena, assentamento, periferia mais pobre, temos que chegar lá com saúde, educação, luz, computador - disse, em discurso.

"Estado não pensa em renda, pensa em cidadania"

Depois, em entrevista, disse:

- Queremos trabalhar uma espécie de pacote de cidadania para os setores mais desfavorecidos da população. Em alguns lugares, ele já aconteceu. Por exemplo, em cada assentamento, além de você cumprir com aquilo que é necessário no financiamento, é importante que a gente leve junto a questão da saúde, da educação, do Luz para Todos. Para que as pessoas possam começar a se sentir brasileiros de verdade e não meio-brasileiros, porque são excluídos das possibilidades e das oportunidades que o Estado brasileiro tem que oferecer às pessoas - disse lula, reclamando da demora dos ministros:

- Já deveria ter acontecido. É que essas coisas são fáceis de falar e difíceis de montar.

No caso do Luz para Todos, lula disse que a iniciativa privada "não teria coração para arcar com programa tão caro". O governo investiu R$2,8 bilhões, de R$6,8 bilhões já contratados:

- Tem coisa que, do ponto de vista do economês, não é aquilo que o economista diz que é viável, mas, do ponto de vista social, da solidariedade, dos compromissos do governo, temos que gastar R$6,5 bilhões. O Estado não está pensando em renda, está pensando em cidadania. E isso vamos cumprir, custe o que custar - disse lula: - Nenhuma empresa terá um coração tão grande para levar tanto cabo, tanto poste (de luz), tanto transformador se, economicamente, não tem retorno. Mas o Estado tem a capacidade de fazer esse tipo de política.