Título: Lula plagiou trecho de fábula em discurso de posse
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 03/01/2007, O País, p. 5

Foi por sugestão do presidente Luiz Inácio lula da Silva que foi incluído, em seu discurso de posse, trecho de uma fábula de autoria desconhecida chamada "A lição da borboleta", que ele leu no Congresso sem citar a origem do texto. A fábula chegou ao presidente pelas mãos de um operário metalúrgico de Angra dos Reis, mas não era desconhecida do mundo político. Em dezembro de 2000, quando o então governador de São Paulo, Mario Covas, estava internado para extirpar dois tumores malignos, ele leu o mesmo texto que, na época, lhe fora enviado pela professora do Rio de Janeiro Mary Lourdes Machado Barbosa.

A colagem feita no discurso de lula não é novidade. A própria "A lição da borboleta" em sua versão original, de acordo com o livro "Para que minha vida se transforme", de Maria Salette e Wilma Ruggeri, da editora Versus, não contém o texto tal como reproduzido agora pelo discurso de lula ou pela admiradora de Mario Covas.

"Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar"

O presidente lula encerrou seu pronunciamento dizendo: "Eu pedi forças e Deus deu-me dificuldades para fazer-me forte. Eu pedi sabedoria e Deus deu-me problemas para resolver. Eu pedi prosperidade e Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar. Eu pedi coragem e Deus deu-me pessoas com problemas para ajudar. Eu pedi favores e Deus deu-me oportunidades. Eu não recebi nada do que pedi... mas eu recebi tudo de que precisava".

Para o gerontólogo carioca Samuel Rodrigues de Souza, a verdadeira inspiração do trecho incluído no discurso está no livro "O outro lado da montanha - o caminho do amadurecimento digno e saudável", do pastor batista americano Howard Hendricks, editado no Brasil pela Mundo Cristão.

O texto lido por lula e que consta de versões de "A lição da borboleta", encontradas em dezenas de citações na internet, seria, segundo Samuel, uma versão adaptada de um poema atribuído por Howard Hendricks a um veterano da Guerra Civil americana, que virou uma pessoa com necessidades especiais devido aos ferimentos em campo de batalha - o poema consta da página 102 do livro "O outro lado da montanha".