Título: Especialistas aprovam, mas temem politicagem
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 03/01/2007, O País, p. 11

Especialistas em segurança pública endossam, mas com ceticismo, a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de se unir com os governadores contra a onda de violência no país. Para eles, a iniciativa é boa, mas corre o risco de fracassar, como em 2003, se presidente e governadores não deixarem de lado diferenças político-eleitorais. Nos últimos quatro anos, importantes programas de segurança não saíram do papel devido, em parte, a disputas entre governadores de oposição e o governo federal.

- Não pode haver disputa. As diretrizes de segurança pública são do governo federal e a execução cabe aos estados - diz o deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), da Comissão de Segurança da Câmara.

O sociólogo Guaracy Mingardi, diretor do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para a Prevenção de Delitos e o Tratamento de Delinqüentes (Ilanud), concorda: é preciso deixar de lado o calendário eleitoral e adotar medidas, mesmo as que resultem em desgaste político. Mingardi entende que o momento é oportuno porque os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro estariam mais receptivos hoje a uma aproximação com o governo federal.

- Cada um precisa ceder um pouco. Não pode (o governador) ficar com medo de crítica, de dizerem que ele não está dando conta do recado - afirma.

Cláudio Beato, do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas, completa:

- Em 2003, a agenda eleitoral contaminou a discussão. Agora, com Lula reeleito, é diferente.