Título: Serra defende ação conjunta contra violência
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 03/01/2007, O País, p. 11

O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), propôs ontem uma ação conjunta de governadores contra o aumento da violência, mas afastou a possibilidade imediata de pedir, para o estado, a ajuda da Força Nacional ao governo federal. Citando a situação da população fluminense, que vem sofrendo ataques de grupos criminosos, Serra lembrou que propôs a criação de um gabinete de segurança aos governadores do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), para formular planos comuns, sem a interferência do governo federal.

- O importante é que agora, no Rio, juntemos forças para enfrentar o problema de segurança lá, porque a segurança é problema nacional e também regional. Fui ao Rio há duas semanas para me reunir com o Sérgio Cabral e com os governadores de Minas e Espírito Santo, para fazermos uma ação conjunta, combinando inclusive a organização de um gabinete de segurança que vai se reunir mensalmente, porque há circulação de criminosos, drogas e cargas roubadas entre esses estados - disse o governador, em entrevista ao "SP-TV", da TV Globo.

Serra concorda com pedido de ajuda feito por Cabral

Dizendo-se "absolutamente solidário" com os problemas enfrentados pelo Rio, Serra concordou com o pedido de ajuda feito pelo governador Sérgio Cabral, mas disse que em São Paulo não é necessário no momento o envio de tropas federais.

- Quanto ao envio de tropas de segurança nacional, só se vier a ser necessário. Cabral estimou que no Rio era necessário, e aqui em São Paulo consideramos que nesse momento não há necessidade. Se vier a ser necessário, a gente pede, sem dificuldade nenhuma.

De manhã, depois de ser empossado como secretário de Segurança Pública de São Paulo, o advogado Ronaldo Marzagão reafirmou a prioridade do estado no combate ao crime organizado, embora não tenha falado sobre o gabinete de segurança proposto por Serra.

- Nossa prioridade é o combate implacável ao crime organizado e à criminalidade comum, seja em ações preventivas ou repressivas - disse Marzagão, que defendeu o respeito aos direitos humanos e o equilíbrio entre a liberdade individual e a segurança coletiva "como forma de assegurar a ordem pública".

Conhecido por manter hábitos noturnos, Serra surpreendeu assessores no seu primeiro dia de trabalho: às 8h30m ele despachava em seu gabinete no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Durante todo o dia, manteve contatos políticos, recebeu assessores e definiu algumas prioridades de trabalho. Deu entrevistas para mais duas emissoras de TV.

Novas críticas à política econômica do governo Lula

Na entrevista, voltou a criticar a política econômica do governo Lula, uma das marcas do discurso de posse. Segundo ele, o país precisa de um ambiente lucrativo para investimentos que possam impulsionar a economia e gerar empregos.

- O que está acontecendo é que muitas grandes empresas brasileiras investiram no exterior, estão indo criar emprego lá fora. Muitas empresas estrangeiras estão remetendo seu fluxo para fora em vez de investir no Brasil. Por que não estão fazendo isso? Porque está faltando ambiente lucrativo para os investimentos, o que precisa ser criado. Precisa mudar a política de juros, a taxa de câmbio, precisa se criar um clima mais favorável para o investimento no Brasil, o que significa emprego, que é o que o Brasil e São Paulo mais precisam - disse.

O tucano reconheceu os resultados de programas sociais do governo, como o Bolsa Família, mas ressaltou que isso não resolve totalmente o problema e defendeu investimentos na produção que gerem empregos.

- Tem-se falado que o país está crescendo muito pouco porque não tem recurso para investir. Isso não é fato. E mais: sem investimento não tem emprego. Muitas coisas feitas na área da assistência social, o Bolsa Família, o Renda Mínima, são boas e devem permanecer, mas a gente sabe que elas não vão resolver. As famílias precisam é da renda que venha do trabalho. O Brasil precisa de mais emprego e, para isso, tem de ter investimento - defendeu.