Título: Saldo comercial bateu novo recorde em 2006
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 03/01/2007, Economia, p. 21

O câmbio valorizado - com o dólar a R$2,15, em média - não teve força para inibir as exportações brasileiras em 2006, que atingiram a cifra de US$137,471 bilhões. O valor supera em mais de US$2 bilhões a meta de US$135 bilhões do governo e tem como principal explicação os preços elevados, puxados pela demanda mundial. As vendas externas foram responsáveis por um superávit recorde de US$46,077 bilhões no ano passado, acima dos US$44,709 bilhões obtidos em 2005. As importações, que totalizaram US$91,394 bilhões, também foram as mais altas da História.

O bom desempenho das exportações levou o governo a traçar uma meta ainda mais ambiciosa para este ano: US$152 bilhões, um acréscimo de 10% frente a 2006. Segundo o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, o governo ainda não tem projeção para importações e saldo comercial. Mas ele acredita que as compras do exterior continuarão crescendo a uma taxa superior à das exportações:

- É importante lembrar que 70% das importações são ligadas à atividade industrial. As medidas que serão anunciadas pelo governo para o crescimento da economia devem fazer com que as importações cresçam mais.

Importação de automóveis cresceu 133,8% frente a 2005

Ele destacou que, apenas em dezembro, a balança teve superávit de US$5,012 bilhões. O valor resulta de US$12,235 bilhões em exportações e US$7,223 bilhões em importações. Os maiores destaques foram petróleo, aviões e minérios.

Os números surpreenderam especialistas como o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que estimava exportações de US$136,5 bilhões em 2006. Segundo ele, nem os mais otimistas acreditavam que o superávit ultrapassaria US$45 bilhões.

- Mais do que nunca, o Brasil continua dependendo de commodities, e o mundo continua dizendo o que o Brasil tem que exportar - disse o vice-presidente da AEB.

Não é o que pensa o secretário de Comércio Exterior. Apesar da forte influência de commodities como soja, petróleo, café e minério de ferro, Ramalho lembrou que mais de 50% das exportações brasileiras são de manufaturados. A categoria foi a que mais contribuiu com as exportações em 2006, garantindo receita adicional de US$19,163 frente a 2005. O destaque foi material de transporte.

As importações aumentaram 24,2% em comparação a 2005, com alta de 23% nas compras de bens de capital e de 20% nas matérias-primas. A maior expansão, porém, ocorreu com bens de consumo em geral, com ênfase para automóveis, cujas importações subiram 133,8%.