Título: Irã desafia sanções da ONU
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Fonte: O Globo, 03/01/2007, O Mundo, p. 26

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, desprezou ontem as sanções aprovadas recentemente pela ONU contra seu país, afirmando que elas são "ilegais, politicamente motivadas e, por isso, inválidas para os iranianos". Em um discurso transmitido pela TV da cidade de Ahvaz, no sul do país, o presidente reiterou que o Irã continuará exercendo o seu direito de produzir tecnologia nuclear e que está pronto para se "defender completamente", caso seja pressionado.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade, no último dia 23 de dezembro, sanções contra o governo de Teerã no comércio de materiais nucleares e mísseis balísticos - num movimento que tem por objetivo deter o enriquecimento de urânio realizado pelo Irã.

- Algumas potências mundias tentam nos intimidar. Se isso continuar, lhes daremos um histórico tapa na cara - disse Ahmadinejad a uma multidão que gritava palavras de ordem como: "Morte aos EUA!".

Ecoando a linha-dura adotada pelo presidente, um porta-voz do governo iraniano indicou que o país estuda, como reação às sanções da ONU, retirar-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Depois do anúncio das sanções, o Parlamento iraniano aprovou uma lei obrigando o governo a "rever seu nível de cooperação" com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a acelerar a intenção de Teerã de ser uma potência na tecnologia nuclear.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que tem a última palavra na política do país, disse concordar com Ahmadinejad e solicitou que o país não abandonasse seu programa nuclear. O governo iraniano insiste que o projeto tem fins pacíficos e não representa uma ameaça à estabilidade do Oriente Médio. EUA e Reino Unido acusam o país de financiar o terrorismo e armar grupos rebeldes no Iraque, de desestabilizar o governo do Líbano e bloquear as negociações de um acordo de paz entre israelenses e palestinos.

Em Israel, um informe anual elaborado pelo Instituto para Estudos Estratégicos da Universidade de Tel Aviv, apresentado ontem, concluiu que o país está "tecnicamente preparado para atacar o Irã" caso necessário para impedir o desenvolvimento do programa nuclear do país. O diretor do instituto, Zvi Schtauber, no entanto, disse que é prematuro considerar ataques ao Irã até que "todas as opções diplomáticas sejam esgotadas".