Título: 'O Brasil precisa deixar de olhar o Nordeste como um fardo que precisa ser carregado'
Autor: Frazão, Heliana
Fonte: O Globo, 02/01/2007, O País, p. 17

"Minhas amigas, meus amigos. Minha Bahia. (...) Neste momento tão importante da minha vida, quero fazer um primeiro agradecimento: ao povo da Bahia! Foi o povo da Bahia que me acolheu há mais de 32 anos. E foi o povo da Bahia, na sua decisão soberana de renovar a política do nosso estado, que me fez governador da Bahia! (...)

Quatro anos atrás elegemos o presidente Lula e a Bahia foi extremamente importante nessa conquista. Com o presidente Lula estamos construindo um novo Brasil. Livre, justo, democrático e do bem. Tenho orgulho de ter participado como ministro, desse projeto.

A Bahia é esse estado imenso, com dimensões de um grande país. A Bahia é também o estado da diversidade. Esta mistura de culturas, de raças, de cores, de religiões, de paisagens. Um povo doce, amigo e inteligente. Este mesmo povo, tão amável, já provou ao longo da história que não se acomoda diante da injustiça e da opressão, por mais forte que o opressor possa lhe parecer. O baiano traz no sangue a luta para expulsar os invasores que dela quiseram se apoderar. (...) Mas essa mesma Bahia que encontrou mil e uma maneiras de lutar contra a opressão há tantos séculos, infelizmente, ainda vive um atraso de um modelo que está superado pela história. Um modelo que acentuou a desigualdade na distribuição das riquezas do nosso estado e que se tornou ainda mais perverso nos tempos da velha ditadura militar. A Bahia estava na contramão do Brasil. Por anos a fio quem dominou a política na Bahia se preocupou muito em concentrar e pouco ou nada em repartir.

Por que a maior economia do Nordeste continua em 20º lugar em desenvolvimento social? Por que um estado que é o sexto mais rico do país é também um dos que tem o povo mais pobre? Por que um estado tão cheio de riquezas naturais e uma economia tão diversificada ainda tem o segundo maior número de analfabetos do país? Por que a riqueza da Bahia não é repartida com os baianos? Por que o crescimento do estado não se transforma em desenvolvimento para o conjunto do nosso povo? Isso vai mudar. E começa a mudar hoje. De uma coisa podem ter certeza: nos próximos quatro anos, a Bahia vai ter um governador que vai trabalhar cada minuto para fazer o estado produzir e crescer. Mas vamos acrescentar ao crescimento uma missão, que parece ter sido esquecida há muito tempo: promover a igualdade. A igualdade de oportunidades para todos.

É claro que ninguém é mágico. Como diz o presidente Lula, uma casa não se constrói da noite para o dia. Primeiro tem que se fazer o alicerce, as paredes e depois colocar o telhado e o acabamento. Sei que os desafios são enormes, mas não tenho dúvida que a nossa vontade de transformar é ainda maior. (...) Agora, com a força do governo do estado em sintonia com o governo federal, vamos lutar para reverter esse quadro. Seremos um governo parceiro dos municípios e das prefeituras, sem discriminações de ordem política, sem perseguições ou favorecimentos, tratando todos os municípios com o respeito que a sua população merece. (...)

O principal objetivo do meu governo, portanto, é promover a igualdade de oportunidades para todos. E as bases para alcançar tal objetivo estão na educação, na saúde e no trabalho para toda a nossa gente. Promover a igualdade começa com educação, garantindo escola pública de qualidade para os jovens, lutando sem tréguas para que nenhuma criança seja obrigada a trabalhar, ficando longe do abraço da escola e da família. Igualdade passa também por garantir saúde digna às pessoas (...).

Promover a igualdade é ainda assegurar o desenvolvimento sustentável da economia do nosso estado, estimulando os pequenos e médios empreendimentos para com isso gerar emprego, melhorar a renda dos trabalhadores e garantir uma distribuição mais justa das riquezas. (...)

É assim que vamos atuar no Semi-Árido, onde vive quase metade da nossa população. Um estado de todos nós tem que olhar por essa imensa região, onde tantos municípios sobrevivem praticamente sem nenhuma renda. Assim como a parceria com o governo federal está possibilitando levar energia elétrica a todos os lares da Bahia, vamos criar soluções e assegurar que nenhum baiano vá penar por falta de água para sobreviver e plantar. (...)

É preciso mudar a Bahia, a maneira como a Bahia e o Nordeste são vistos pelo Brasil. O Brasil precisa deixar de olhar o Nordeste como um fardo que precisa ser carregado. O governo do presidente Lula vem dando passos largos para alterar essa visão preconceituosa. Animados por este novo espírito, impulsionados pelo atual governo federal, vamos estabelecer uma nova relação federativa, em que a Bahia, assim como todo o Nordeste, vai estar no centro das decisões nacionais, ocupando o espaço de destaque que o nosso Estado merece.

É hora de afirmação. Não queremos mais essa imagem do governante nordestino em Brasília de pires na mão em troca de favores ou compensações fugazes. Não é de políticas pontuais e fragmentadas que precisamos. Vamos buscar a união dos estados do Nordeste para sermos protagonistas neste novo Brasil que vem sendo construído.

O Nordeste tem que ser, sim, um exemplo de justiça social para a nação. E a nossa Bahia tem tudo para ser uma grande locomotiva do Nordeste. Somos a porta de entrada e saída do Brasil e do Nordeste. Se o Brasil nasceu aqui, agora, mais do que nunca, pode renascer do jeito que todos nós sonhamos um dia: um estado mais justo e humano. (...)

A Bahia não escolheu apenas um governador, escolheu um novo caminho, uma nova possibilidade, uma nova alternativa. Quem venceu as eleições foi um novo projeto, que já conta com a aprovação de ampla maioria dos baianos, especialmente aqueles que elegeram e reafirmaram o modo de governar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este é o projeto de nação que ajudei a construir e que, a partir de hoje, começaremos a colocar em prática aqui no governo da Bahia.

Em apenas quatro anos, o governo do presidente Lula já deu o exemplo de como se pode governar para os mais pobres. E agora, comigo aqui, um governador parceiro e amigo, vamos poder fazer muito mais. (...) Sei também que o Brasil inteiro hoje olha para nós com expectativa e esperança. Não vou decepcioná-los. Como eu já disse, no que depender de mim, a Bahia será um exemplo de trabalho, justiça e honestidade.

Hoje se encerra um ciclo e se inicia, se Deus quiser, uma nova era na nossa história. A Bahia que todos nós sonhamos está nascendo. Uma Bahia sem panelinha, onde o talento e a vontade de trabalhar sejam mais importantes que o sobrenome. Onde as oportunidades sejam iguais para todos. Sem espaço para favorecimentos nem perseguições. (...)

(...) O dia de hoje, que parecia um milagre inatingível, foi possível porque foi construído por cada um de nós. Foi construído pelo povo baiano, que assim como os negros dançavam capoeira para enganar os feitores, e parece que o povo baiano dançou capoeira perante os institutos de pesquisa. Acredito num grande futuro para todos vocês. Foi longa a caminhada, mas nós vencemos. (...) Mostramos mais uma vez, como fizemos na nossa independência, que a Bahia é livre, que a Bahia não tem dono, que a Bahia é e continuará sendo de todos nós. Muito obrigado!