Título: Mantega: crescer acima de 4% 'é possível'
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 02/01/2007, Economia, p. 25

O ministro da Fazenda, Guido mantega, que participou da cerimônia de posse do presidente Lula, disse que o país terá um crescimento vigoroso este ano. Mas, apesar de o presidente e o próprio mantega terem dito anteriormente que esse crescimento poderia chegar a 5%, o ministro ontem citou um avanço de 4% como o possível para 2007.

- O crescimento será (em 2007) mais vigoroso. acima de 4% é possível, vigoroso e já está ocorrendo - disse.

mantega admitiu que será preciso contingenciar recursos do Orçamento, mas destacou que isso não vai comprometer o objetivo do governo de gastar mais para fazer investimentos.

Segundo mantega, o Brasil precisa trabalhar para que a taxa de retorno dos empresários com investimentos fique mais alta que as taxas que remuneram aplicações financeiras. De acordo com ele, se um investidor tiver um retorno de mais de 12% com um fundo de investimento em infra-estrutura e 10% numa aplicação financeira, ele vai optar pelo primeiro, o que é melhor para o país.

mantega afirmou que o conjunto de medidas para destravar a economia - rebatizado de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - será divulgado entre os dias 15 e 22 deste mês, após as férias presidenciais e do ministro.

- Não é um pacote. É um programa de aceleração do crescimento, um conjunto de medidas que vem se juntar ao que já estava sendo feito para que o Brasil continue crescendo - disse mantega.

Conforme O GLOBO antecipou na semana passada, a parte de desonerações tributárias do pacote encolheu em R$4 bilhões, diante da necessidade de cobrir o aumento do salário mínimo, da correção da tabela do Imposto de Renda e da elevação do investimento público, especialmente em obras de infra-estrutura.

Em seu discurso, Lula afirmou que o PAC tem como objetivo injetar "uma mudança de postura e ousadia na criação de oportunidades para o país". De acordo com o presidente, a responsabilidade fiscal será preservada, mas o plano prevê o aumento do investimento da União:

- É preciso uma combinação ampla e equilibrada do investimento público e do privado. Para lograr este equilíbrio, temos de desobstruir os gargalos e de romper as amarras que travam cada um destes setores. Isso significa ampliar e agilizar o investimento público, desonerar e incentivar o investimento privado.

Lula disse que os gastos públicos são catalisadores:

- Sei que o investimento público não pode, sozinho, garantir o crescimento. Porém, ele é decisivo para estimular e mesmo ordenar o investimento privado.

Os ministros presentes à posse reforçaram sua convicção de que 2007 representará o início de um ciclo de expansão econômica a taxas mais elevadas. Para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a expectativa para este segundo governo é "absolutamente otimista":

- Temos a oportunidade de fazer o Brasil crescer, se desenvolver e distribuir renda. É uma perspectiva de muita força e realização.