Título: Presidente da Funarte fica sabendo de sua demissão pela imprensa
Autor: Fradkin, Eduardo
Fonte: O Globo, 05/01/2007, O País, p. 4

A assessoria do Ministério da Cultura (MinC) anunciou ontem à tarde que o ator Antonio Grassi será destituído da presidência da funarte, fundação do governo que promove estudos, pesquisas e apresentações nas áreas de música, artes cênicas e artes visuais. Para o cargo ocupado por ele desde janeiro de 2003 foi convidado o poeta, compositor e letrista José Miguel Wisnik.

A notícia foi confirmada pelo MinC depois de publicada por Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, ontem mesmo, para surpresa do próprio Grassi, que até o início da tarde não havia recebido qualquer recado do ministério, nem tampouco convites para outros cargos. Quando falou ao GLOBO, ainda desinformado de seu futuro, Grassi criticou:

- Acho negativo tomar conhecimento de boatos pela imprensa. Até agora, não veio qualquer comunicado oficial do ministro (Gilberto Gil). Os comentários na imprensa e a exoneração de Márcio Meira (da Secretaria de Articulação Institucional do MinC) podem ser indícios de uma mudança, mas não sei ao certo. Tenho consciência da excelência do trabalho realizado. Minha preocupação não é com o cargo, mas com a continuidade dos projetos em curso. Sempre foi difícil defender o teatro, a dança e o circo. Estou tranqüilo e vou esperar para ver o que acontece.

Procurado pelo GLOBO, Gilberto Gil avisou, por assessores, que "não é hora ainda de falar com a imprensa". Ainda este mês, serão lançados pela funarte seus editais anuais de fomento ao teatro, à dança e ao circo. Os três foram criados na gestão de Grassi. Também será anunciada a nova edição do projeto Pixinguinha, retomado em 2004 após longo hiato. Juntos, os programas reúnem R$32 milhões.

- Esses projetos dão seqüência a uma idéia de gestão que nós implementamos com muito esforço, enfrentando dificuldades dentro do próprio MinC, isto é, dificuldades orçamentárias. Para contorná-las, conseguimos importantes parceiros, como a Petrobras. Minha preocupação é quanto à execução desses projetos, sua continuidade. A situação da funarte é delicada, pois lida diretamente com a produção cultural. Tem que funcionar, portanto, como um órgão executivo. Além dos editais e do projeto Pixinguinha, há outras ações importantes acontecendo este mês, como o início da reforma do Teatro de Arena Eugênio Kusnet (em São Paulo) - afirmou Grassi.

Solicitado a opinar sobre Wisnik, o presidente da funarte evitou polêmica:

- Eu não o conheço pessoalmente, apenas seu trabalho, que admiro.