Título: Arruda corta cargos e reduz secretarias no DF
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 05/01/2007, O País, p. 8

Como único governador do PFL, José Roberto arruda decidiu que fará jus ao posto de estrela do partido ao implantar uma gestão, no mínimo, inovadora no Distrito Federal. Diante de um rombo de mais de R$100 milhões deixado pelos seus antecessores - o senador eleito Joaquim Roriz (PMDB) e a tucana Maria de Lourdes Abadia - arruda se viu obrigado a radicalizar no corte dos gastos públicos: reduziu o número de secretarias de 36 para 17, transferiu a sede do governo do Plano Piloto para Taguatinga (maior cidade satélite do DF) e exonerou os ocupantes de 17 mil cargos comissionados, entre eles 70 assessores especiais que ficavam lotados no gabinete do governador.

- Em quatro dias de trabalho só precisei nomear 150 pessoas para cargos comissionados. Tudo indica que não precisarei usar nem metade dos cargos que existiam - prevê arruda.

"As pessoas não podem nem sentir o cheiro de mordomia"

As mudanças não param por aí. Ao optar pela transferência da sede do governo do Centro de Brasília - onde moram apenas 400 mil dos quatro milhões de habitantes do Distrito Federal e entorno - arruda diz que economizará R$30 milhões por ano que eram usados no pagamento do aluguel de imóveis.

- Quanto mais economizar com esse tipo de despesa, mais vai sobrar para investimento - justifica o governador.

arruda também decidiu trocar o luxuoso gabinete a que teria direito no Palácio do Buriti - que fica a cerca de três quilômetros do Palácio do Planalto - por uma ampla sala num antigo quartel da Polícia Militar instalado em Taguatinga, que está dividindo com todos os seus 17 secretários e onde não pode contar sequer com um banheiro privativo. Quem não estava acostumado com esse novo estilo se assusta.

- As pessoas não podem nem sentir o cheiro de mordomia. É claro que vão sentir falta. Eu mesmo me policio - admite o governador.

Seu objetivo principal, contudo, é garantir uma maior agilidade às ações de seu governo e burlar a burocracia que quase sempre emperra a máquina pública.

- Da minha mesa posso simplesmente falar com todos os meus secretários. Além disso, fazemos pelo menos duas reuniões gerais por dia - explica arruda, mostrando, num rápido passeio pelo amplo gabinete, que em menos de dez minutos consegue ficar sabendo o assunto de que cada um dos secretários está tratando.

Foi nesse giro pelo gabinete, por exemplo, que arruda autorizou ações integradas das forças policiais no Recanto das Emas e na Estrutural, duas áreas em que haviam sido registrados na véspera crimes violentos. Minutos antes, numa reunião comandada pelo secretário de Transportes, Alberto Fraga, o governador deu um ultimato aos representantes das empresas de transporte coletivo que prestam serviço na cidade: se não renovarem a frota de 500 ônibus em três meses, o governo publicará um edital abrindo uma nova concorrência.

Helicóptero oficial, porém, continuará sendo usado

O novo tipo de gestão, segundo arruda, é o mesmo usado em várias bancos ou empresas da iniciativa privada, como Bradesco e Ambev.

- Se deu certo na iniciativa privada, por que não vai funcionar no setor público? - aposta o governador, cuja a rotina de trabalho tem começado às 8h30m e só acaba após meia-noite, nestes primeiros dias.

Apesar da austeridade imposta ao seu governo, o governador - que chegou ao Palácio do Buriti de táxi no dia da posse, para homenagear a categoria - não abriu mão de uma prerrogativa concedida apenas a chefes de governo, o deslocamento em helicóptero oficial.

- Mas só em casos excepcionais - diz uma assessora.

E tem também adotado um estilo pessoal mais despojado. Quando não tem solenidades públicas ou audiências, vai trabalhar de calça esporte e manga de camisa.