Título: Lula quer cúpula com países asiáticos
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 05/01/2007, Economia, p. 19

Depois das cúpulas de chefes de Estado da América do Sul com os países árabes e africanos, o presidente Luiz Inácio lula da Silva se movimenta em direção a um ponto ainda mais distante do planeta. Ele quer um encontro entre os líderes sul-americanos e os asiáticos, reforçando assim a marca de uma política externa voltada para a integração Sul-Sul em seu segundo mandato.

A data da terceira grande cúpula já está sendo discutida por diplomatas e assessores do presidente, e a idéia é que o evento ocorra ainda na primeira metade do novo mandato de lula, que acaba em 2010. O foco principal são os tigres asiáticos, que, juntos, têm um Produto Interno Bruto (PIB) de quase US$5 trilhões e uma população de 1,3 bilhão.

Segundo um graduado diplomata, o Brasil já tem boas relações comerciais com Japão e China. Mas precisa se aproximar mais da região, especialmente agora que a Rodada de Doha, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), vive um momento crucial. Para o governo, é fundamental arregimentar o máximo de aliados. Países como China e Indonésia, que já fazem parte do G-20 (grupo de países em desenvolvimento que lutam contra as barreiras às exportações agrícolas), são estratégicos.

Além de cultivar novos nichos de mercado, lula quer que a diplomacia brasileira dê prioridade à Rodada de Doha em si. Para isso, terá de dobrar os países ricos, especialmente os americanos, que se recusam a reduzir de forma mais substancial os subsídios domésticos a seus agricultores. O objetivo é tentar concluir grande parte das negociações até junho de 2007.

O governo também quer expandir o Mercosul, torná-lo mais amplo e atraente para outros países. Por isso, espera para 2007 a adesão da Bolívia e do Equador. Ao mesmo tempo, conversa com Rússia, Israel, Índia e África do Sul, tendo como meta acordos de preferências tarifárias, com reduções significativas das alíquotas.