Título: Tesouro emite título mais longo da História
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 05/01/2007, Economia, p. 25

O tesouro Nacional fez ontem a primeira emissão no mercado interno de um título prefixado (NTN-F) com prazo de dez anos. Esse é o papel mais longo já ofertado no país. Segundo o secretário-adjunto do tesouro, Paulo Valle, as vendas somaram R$267,5 milhões com taxa de juros de 12,47% ao ano. Para ele, isso mostra que os papéis do governo brasileiro têm cada vez mais credibilidade entre os investidores.

Prefixados são títulos em que a remuneração do investidor é definida na hora da emissão, o que permite previsibilidade para o endividamento público. Por isso, são os melhores papéis para compor a dívida pública.

- A compra de um papel prefixado de longo prazo mostra que o investidor acredita na estabilidade da economia e no controle da inflação. Essa é a consolidação do cenário macroeconômico atual - disse Valle.

Até agora, o papel prefixado mais longo no mercado interno era uma NTN-F de sete anos. No entanto, com a NTN-F de 2017, além de alongar a dívida pública, o governo criou mais um ponto de referência na curva de juros prefixada brasileira. Segundo Valle, o benchmarck (referência) de dez anos é um dos mais importantes para os investidores.

Prazo longo é padrão no mercado internacional

Segundo comunicado divulgado ontem pelo tesouro, a emissão do novo papel faz parte da estratégia de adaptar o mercado brasileiro ao padrão internacional. Na mesma estratégia, o governo passará a emitir as NTN-Fs com prazos de três, cinco e dez anos. Já as LTNs - títulos prefixados de curto prazo - passarão a ser emitidas com prazos de seis, 12 e 24 meses.

Esses são os prazos tradicionalmente utilizados no mercado internacional e que ajudam os aplicadores a comparar melhor os papéis brasileiros com os de outros países.

O governo também vem trabalhando para alongar a dívida externa por meio da emissão de papéis com prazos mais longos e com taxas de juros cada vez mais baixas. A captação de recursos no exterior mais recente foi feita em reais (Global BRL 2022), quando o governo conseguiu arrecadar R$750 milhões no final do ano passado.

O Global BRL 2022 foi emitido por 105,875% de seu valor de face, sendo que a taxa de retorno para os investidores será de 11,663% ao ano. Já quando o título foi lançado no mercado em setembro de 2006, houve captação de US$743 milhões, sendo que o papel foi emitido por 97,563% de seu valor de face e com taxa de 12,875% de retorno para os investidores. Isso significa que, na segunda vez, os investidores aceitaram pagar mais pelos títulos e receber uma remuneração mais baixa.