Título: Lula quebra promessa e critica o governo FH
Autor: Jungblut, Cristiane e Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 06/01/2007, O País, p. 10

No quinto dia do segundo mandato, o presidente Luiz Inácio lula da Silva não resistiu à tentação e quebrou a promessa de não fazer mais comparações entre seu governo e o do antecessor. Durante cerimônia de sanção da Lei do Saneamento Básico, lula criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acusando-o de ser responsável pelo que chamou de retrocesso no setor.

A crítica foi referente ao veto de Fernando Henrique, em janeiro de 1995, a uma lei que também tratava da política de saneamento. Na ocasião, foram alegados problemas jurídicos. A questão sobre o funcionamento de empresas estatais e municipais e a participação de empresas privadas gerou polêmica por quase 20 anos.

- Quero apenas lembrar a vocês o seguinte: há um ditado que diz que "quando a cabeça não pensa, o corpo adoece". Uma mesma lei, mais ou menos similar a essa, foi vetada na sua íntegra no dia 5 de janeiro de 1995. O PLC 199, que instituía o marco regulatório do saneamento básico, aprovado pela Câmara, foi vetado. Estou lembrando isso para dizer que são praticamente 11 anos de retrocesso numa das políticas mais importantes para que o Brasil enfrente a melhoria da qualidade de vida do seu povo e para que o Brasil assuma definitivamente o compromisso de cumprir as metas do milênio - disse lula, sem citar Fernando Henrique.

Elogios aos parlamentares diante de Aldo e Chinaglia

Ao tomar posse, lula prometera olhar para a frente. O presidente vinha dizendo que não faria mais comparações e que agora "a vidraça" é ele.

O Congresso aprovou definitivamente a nova lei em dezembro. Diante do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidatos à presidência da Casa, lula exaltou o trabalho dos parlamentares.

- Vira e mexe aparece que o Congresso e o Poder Executivo estão sempre em guerra, que a oposição não quer deixar fazer as coisas, quando, na verdade, a briga no Congresso faz parte do exercício da democracia no país e faz parte da existência das diferenças ideológicas entre nós - disse. - Pode ter um dia a mais de briga, mas, no fundo, o Congresso termina aprovando o que significa conquista para o país.