Título: Ministério diz ter avisado a Grassi, em dezembro, que iria substituí-lo
Autor: Fradkin, Eduardo
Fonte: O Globo, 06/01/2007, O País, p. 10

O ministério da Cultura (MinC) divulgou ontem nota afirmando que o ator Antonio Grassi, ex-presidente da Funarte, foi avisado no dia 27 de dezembro que seria substituído. A informação contradiz a declaração dada por Grassi na manhã de anteontem. O ator dissera que não havia sido informado de sua substituição no comando da fundação. A demissão dele foi confirmada na tarde do mesmo dia.

Segundo a nota, Grassi foi informado de que não permaneceria no cargo pelo chefe de gabinete do ministro Gilberto Gil, Adolpho Ribeiro Schindler Netto. Grassi, porém, contestou a nota:

- Fui avisado pelo chefe de gabinete do ministério, no dia 27 de dezembro, de que o ministro gostaria de conversar comigo sobre o cargo a partir do dia 6 de janeiro. Não foi um comunicado de demissão, como aliás não poderia ter sido, vindo de um chefe de gabinete. Isso tem que ser feito pelo ministro. Até hoje, o Gil não falou comigo. Quem me telefonou, ontem (quinta-feira) à tarde, foi Alfredo Manevy (secretário de Políticas Culturais), para confirmar a notícia (da demissão). Ele não deu uma justificativa. A contrário, disse que reconhece o valor e a importância do meu trabalho. Estou tentando marcar uma conversa com Gil na semana que vem, por intermédio de Manevy. Sequer sei que dia terei de deixar a Funarte.

Demissão faria parte de "alterações pontuais"

A nota do ministério da Cultura informou que a demissão de Grassi, que ocupava o cargo desde janeiro de 2003, faz parte de "algumas alterações pontuais entre seus quadros dirigentes". Segundo o comunicado, "o MinC prepara-se para iniciar um novo ciclo de trabalho, marcado pelo aprofundamento e pela ampliação das políticas, programas e ações que formulamos e desenvolvemos com sucesso no período de 2003/2006".

O comunicado do ministério da Cultura acrescentou que a mudança "não afetará a continuidade do cronograma de editais nem dos projetos que vêm sendo implementados pela instituição." Segundo uma fonte do ministério, as "alterações pontuais" são motivadas por política partidária. Grassi é ligado ao PT, assim como Márcio Meira, que foi recentemente exonerado da Secretaria de Articulação Institucional do MinC, comandado por Gil, cujos vínculos são com o PV.

No início do governo Luiz Inácio Lula da Silva, conforme noticiou O GLOBO em janeiro de 2003, Gil chegou a ameaçar não assumir o cargo por causa da pressão do PT para a nomeação de Meira como secretário-executivo. Ele mudou de idéia após uma conversa com Lula.

Compositor foi convidado para assumir a Funarte

Para assumir a presidência da Funarte, foi convidado o compositor José Miguel Wisnik. Em sua coluna no GLOBO, ontem, Ancelmo Gois informou que Wisnik recusou o convite. A assessoria de comunicação do MinC alegou não ter recebido resposta oficial do compositor e, por isso, ele ainda era o único convidado para o posto. Gil e Manevy não foram encontrados para comentar o assunto.