Título: Lula ordena que bancos oficiais emprestem
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 06/01/2007, Economia, p. 24

O presidente Luiz Inácio lula da Silva pediu ontem aos presidentes dos principais bancos oficiais - Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - que não deixem sobrar dinheiro no caixa das instituições em 2007. A ordem é emprestar e investir este ano, quando o governo pretende implementar medidas que visam a acelerar a expansão da economia brasileira. Juntos, os três bancos são os maiores financiadores da atividade produtiva no país.

Em reunião ontem com os presidentes dessas instituições no Palácio do Planalto, lula pediu "muito trabalho". Mas, ao contrário de encontros anteriores, não cobrou uma redução mais acelerada das taxas de juros para os consumidores.

Governo quer que economia cresça entre 4% e 5% anuais

Nos últimos tempos, a grande obsessão de lula é desenvolver um pacote para destravar investimentos, sobretudo em infra-estrutura, batizado de Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a ser divulgado no dia 22. O objetivo do governo é fazer com que a economia brasileira tenha um crescimento mais vigoroso a partir deste ano, entre 4% e 5% anuais. Em 2006, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de todas as riquezas produzidas pelo país) deve ficar abaixo dos 3%, como prevê o mercado.

O presidente interino do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, informou que lula também não fez qualquer pedido específico na reunião. Os executivos dos três bancos oficiais fizeram apresentações individuais sobre o desempenho de suas instituições em 2006 e apresentaram as perspectivas para 2007.

BB: mais empréstimos a micro e pequenas empresas

No caso do Banco do Brasil, Lima Neto destacou que um dos focos principais continuará sendo a concessão de crédito, atendendo à antiga orientação do presidente lula. Uma das estratégias do banco é aumentar as parcerias com redes de varejo, como a fechada com as Lojas Maia, além de abrir uma financeira usando um sócio privado este ano. O presidente do BB também explicou a lula que o banco pretende reforçar sua área de financiamento a micro e pequenas empresas, além da área rural, como forma de contribuir para um maior crescimento do país.

Participaram também do encontro ontem a presidente da CEF, Maria Fernanda Coelho, e o presidente do BNDES, Demian Fiocca. A CEF será importante para o PAC, na medida em que tornará disponíveis mais recursos para o financiamento habitacional e para obras de saneamento. Já o BNDES é o grande financiador das empresas nacionais, sobretudo a indústria, e conta com um orçamento anual na casa dos R$60 bilhões.