Título: Conselho de estatais é sonho de ativistas
Autor: Damé, Luiza e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 07/01/2007, O País, p. 8

O acesso ao Siafi e a participação no conselho das estatais são reivindicações apresentadas pelos movimentos sociais nos encontros com o presidente Lula, que já determinou que sejam avaliadas com "intenção de atendimento". Mas nem tudo que as 34 entidades que estiveram com ele propuseram foi aceito.

O cuidado é maior quando se trata da área econômica. O governo não aceitou, por exemplo, a proposta de incluir um representante dos trabalhadores no Conselho Monetário Nacional (CMN), que trata de toda a política econômica.

No primeiro mandato, Lula teve cerca de 400 audiências com os movimentos sociais. O governo ampliou o número de conselhos nos ministérios e a representatividade desses órgãos, e realizou mais de 40 conferências, reunindo cerca de dois milhões de pessoas.

- Isso virou um método de elaboração de políticas públicas. Mas a base do diálogo não é a obrigação de atender tudo - disse o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, responsável no governo pela intermediação com os movimentos sociais.

Dentro do Planalto, ministros avaliam que o sistema tem dado certo para o governo, porque os movimentos criticam algumas coisas, mas sempre se aliam às políticas de Lula. O melhor exemplo disso foi a definição do valor do salário mínimo de 2006 e 2007. Mês passado, depois de ampla negociação com as centrais sindicais, o governo assinou acordo fixando a política do salário mínimo e o reajuste da tabela do Imposto de Renda.

Lula conseguiu reunir no Planalto, com discursos favoráveis, representantes da CUT, o braço sindical do PT, e da Social Democracia Sindical (SDS), ligada ao PSDB.

O governo promete ainda discutir até mesmo o Orçamento da União, que é encaminhado todos os anos ao Congresso.

- As pessoas não se sentem co-responsáveis se não ajudarem a construir - diz Dulci, argumentando que o governo Lula faz democracia participativa.

Lula diz que movimentos não podem só criticar

O próprio Lula costuma dizer que os movimentos sociais não podem apenas se limitar a criticar, devendo conhecer dificuldades e limitações do governo. Mas, apesar de ressaltar nos discursos sua origem no movimento sindical, o presidente também tem mantido na prática contato direto com as entidades empresariais e financeiras.

Num sinal de prestígio aos empresários, Lula compareceu à posse do deputado Armando Monteiro para novo mandato à frente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na campanha eleitoral, Lula também participou de jantares - organizados pelo ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) - com os maiores banqueiros e empresários do país.