Título: Lula busca mais diálogo com movimentos sociais
Autor: Damé, Luiza e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 07/01/2007, O País, p. 8

Mesmo nos momentos mais agudos da crise política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu o apoio dos movimentos sociais e, por isso, quer reforçar a tática que deu certo no primeiro mandato: manter diálogo constante com as entidades e atender a reivindicações pontuais. Na prática, com esse método de governar, o Palácio do Planalto manteve os grandes movimentos "sob controle", sem enfrentar grandes protestos. A idéia é ter um monitoramento freqüente sobre as ações desses movimentos.

Para 2007, o governo deve anunciar três medidas para agradar aos movimentos sociais: criação do fórum da Previdência para discutir a reforma do sistema previdenciário, discutindo suas sugestões; liberação da senha de acesso ao Siafi (o sistema de controle dos gastos públicos) a algumas entidades; e participação de um representante dos trabalhadores no conselho de administração das estatais.

O Planalto avalia que tornou os movimentos sociais "co-responsáveis" das ações do governo com estratégias como discutir o valor do salário-mínimo com as centrais sindicais, por exemplo. O discurso tático é: o diálogo é permanente, serão sempre ouvidos, mas que o governo não é obrigado a acatar todas as reivindicações.

Ministros pedem melhoria da fiscalização

A estratégia do governo inclui encontros com os movimentos sociais e liberação de verbas para entidades e ONGs. Diante de denúncias de desvio de recursos destinados a entidades e ONGs, o discurso de vários ministros têm sido o de que não se pode "demonizar" as ONGs e o de que a fiscalização será melhorada. A discussão do salário mínimo é usada como "trunfo" desse método de governar.

O presidente Lula e ministro citam sempre que agiu da mesma forma na elaboração da reforma universitária, do programa de farmácias populares e do Fundeb (fundo do ensino básico). Agora, o governo quer que trabalhadores, empresários e aposentados ajudem a elaborar a proposta de reforma da Previdência para superar o bilionário déficit do setor.