Título: Câmara vai a voto
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 08/01/2007, Panorama Político, p. 2

Um dos principais conselheiros do presidente Lula diz que não existe preocupação no governo com as eleições na câmara. E explica que todos os movimentos do presidente e do ministro das Relações Institucionais são para que a disputa se mantenha em níveis civilizados. No governo predomina a avaliação de que não há o risco de surgir uma candidatura como a de Severino Cavalcanti. Nem mesmo o lançamento de uma candidatura outsider, como a que está sendo articulada pelo PPS e pelo PSOL, é vista com preocupação. Pois esses políticos não teriam sustentação eleitoral no chamado baixo clero.

O comportamento do presidente Lula, de acordo com um político do PMDB, revela que há uma diferença de estilo deste com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano sempre se posicionou nas eleições para a presidência da câmara. Foi Fernando Henrique quem bancou a candidatura de Luiz Eduardo Magalhães (PFL-BA), em 1995, atropelando o PMDB, que tinha a maior bancada. Dois anos depois, Fernando Henrique bancou e garantiu a difícil eleição do atual presidente do PMDB, Michel Temer (SP). O presidente Lula deixa o barco correr, como agora ou como em 2005, quando o PT tinha dois candidatos, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG), o que abriu as portas para a vitória de Severino. No embate entre Aldo e Chinaglia, diz um assessor do presidente Lula: que vença o que tiver melhores condições.

Neste momento, resume o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), Aldo leva a melhor na oposição e Chinaglia está melhor na base do governo. A eleição, provavelmente, será decidida no PMDB. O partido, que tem a maior bancada, está fragmentado e não teve condições de se unir para fazer o presidente da câmara. Na terça-feira, a bancada do PMDB se reúne para analisar o acordo com o PT. Os aliados de Chinaglia contam com isso e os de Aldo trabalham para esvaziá-la.

Frase do vice-presidente do PT e assessor para assuntos internacionais do presidente Lula, Marco Aurélio Garcia: "O PT é a simbiose do petismo com o lulismo".

Governadores do Nordeste em ação

Os governadores Cid Gomes (CE) e Wellington Dias (PI) reuniram-se, sábado, em Fortaleza. Decidiram organizar um encontro de governadores do Nordeste ainda este mês. O objetivo é realizar encontros periódicos e foi acertado com a governadora Wilma Faria que o primeiro será em Natal.

Os governadores pretendem debater formas de atuação conjunta para defender os interesses da região. A idéia principal é elaborar um plano piloto de investimentos e entregá-lo ao presidente da República.

Os governadores querem se mobilizar para garantir a continuidade dos investimentos federais na região e, sobretudo, o cumprimento das promessas feitas na campanha eleitoral pelo presidente Lula. A organização de uma pauta conjunta também evitaria conflitos individuais com o governo federal, como no caso da desistência da Petrobras em fazer investimentos no Ceará. E a exemplo do governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, os do Nordeste também querem rediscutir as bases do pagamento da dívida dos estados com a União.

Sintonia

A realização de um censo nacional de vocações regionais é uma das propostas que o secretário de Ciência e Tecnologia do Rio, Alexandre Cardoso, vai levar ao governo federal. Hoje, no Brasil, 750 mil pessoas concluem cursos superiores, mas 50% delas não usam seus conhecimentos em favor da região onde vivem. Por isso o secretário defende uma vinculação entre a criação de cursos e a vocação econômica regional.

O GOVERNADOR Sérgio Cabral declarou estar chocado com a saúde pública do Rio. Já o secretário da Fazenda, Joaquim Levy, confessou ao governador que está horrorizado com o que encontrou na Secretaria de Finanças. A atual administração quer distância dos ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho.

PESQUISA da InSearch sobre as expectativas dos moradores de São Paulo, do Rio e de Salvador revela que eles começam o ano com medo da criminalidade e desiludidos com a honestidade dos políticos. Para 57% dos entrevistados, a corrupção no país vai piorar; 47% responderam que a criminalidade vai aumentar. Foram ouvidas 900 pessoas das classes A, B, C, D, sendo 300 em cada cidade, entre 4 e 7 de dezembro.

E-mail para esta coluna: ilimar@bsb.oglobo.com.br

Repeteco

O presidente Lula não é o único a ter dois candidatos para presidir o Legislativo. O governador da Bahia, Jaques Wagner, também tem dois candidatos para presidir a Assembléia Legislativa. Como o PSDB não entrou no secretariado, ficou acertado que os tucanos elegeriam o presidente da Assembléia. Sua base agora está dividida entre dois tucanos: os deputados Marcelo Nilo e Arthur Maia.