Título: Central recupera computadores doados
Autor: Tavares, Mônica e Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 08/01/2007, Economia, p. 13

Jovens da Zona Norte de Porto Alegre, num bairro de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), começam a conhecer os computadores por dentro. Acompanhados por 12 educadores, eles trabalham na primeira Central de Recondicionamento de computadores do país, inaugurada pelo governo em abril de 2006. A central recebe doações de empresas estatais ou privadas e recupera os equipamentos, repassando-os a escolas.

Luis Miguel da Silva de Oliveira, 18 anos, que cursa o 3º ano do ensino médio, é um dos 70 estudantes que trabalham no centro desde o início. A jornada de trabalho é de quatro horas por dia, e ele recebe uma bolsa de R$174 mensais. O coordenador da central gaúcha, Carlson Aquistapasse, diz que os jovens são escolhidos na comunidade e precisam estar matriculados na escola.

- Eu não tinha noção do que ia fazer. Pensava que computador era um bicho de sete cabeças. A gente recebe um material que não está funcionando e, de três equipamentos, montamos um - diz o estudante, que com o dinheiro da bolsa comprou um computador.

A central de recondicionamento foi inspirada em um programa do governo canadense, que funciona há mais de 12 anos, e recondiciona cem mil computadores por ano, em 50 oficinas no país. O programa supre 25% das necessidades de computadores do sistema de ensino do Canadá.

No Brasil, o Comitê de Inclusão Digital do Governo Eletrônico vai inaugurar mais duas centrais, uma no Gama, no Distrito Federal, em parceria com o Banco do Brasil e a Cobra, e a outra em Guarulhos (SP), em parceria com o Consórcio da Juventude. Há negociações para criação de centrais no Rio, em Curitiba e Salvador. O plano é criar mais seis este ano.

A Central de Porto Alegre recondiciona cerca de 40 computadores por mês, e deverá aumentar sua produtividade para 200. O Ministério do Planejamento aplicou R$500 mil em sua instalação. Tanto as centrais do Gama quanto a de Guarulhos serão maiores e terão metas mais ambiciosas. Cada um desses centros trabalha com 70 a 140 jovens em situação de risco, que vêm dos programas Primeiro Emprego ou Jovens Aprendizes.

- Se o Canadá julga que não pode desperdiçar computador e processador, imagina o Brasil - disse o secretário-adjunto de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rodrigo Assumpção. (