Título: Candidatura alternativa não decola e aposta agora é em nome do PMDB
Autor: Freire, Flávia
Fonte: O Globo, 09/01/2007, O País, p. 4

Temer, porém, descarta idéia de terceira via na eleição da Mesa da Câmara

SÃO PAULO. Depois de quatro horas de reunião, 16 deputados de diferentes partidos não chegaram ontem a um consenso sobre o nome de um candidato alternativo para disputar a eleição pela presidência da Câmara. Com isso, foi adiada a formação de uma terceira via em oposição às candidaturas de Aldo Rebelo (PCdoB) e Arlindo Chinaglia (PT). No encontro, realizado num hotel de São Paulo, os deputados não descartaram apoiar um integrante do PMDB ¿ que se reúne hoje em Brasília para tratar do tema ¿ ou até um petista afinado com o grupo.

¿ A questão da proporcionalidade é importante, por isso o PMDB tem um peso significativo para essa eleição ¿ disse o deputado Julio Semeghini (PSDB-SP).

¿ Mas temos que conversar com todos, inclusive com o próprio PT, que tem bons nomes ¿ emendou Raul Jungmann (PPS).

Antes do encontro, o presidente do PMDB, Michel Temer, disse em entrevista à Reuters rejeitar um terceiro nome para a eleição na Câmara.

¿ Não sei qual dos candidatos está em melhor posição, nem mesmo entre os deputados do PMDB, mas penso que o melhor para a Câmara é que apenas um deles seja candidato, expressando a maioria de todos os partidos, do governo e da oposição ¿ disse Temer.

Documento pede presidente sem imagem arranhada

Seja qual for o candidato apoiado pelo grupo, ele terá de assumir os compromissos incluídos numa carta redigida na reunião de ontem, em almoço promovido pelo deputado Paulo Renato de Souza (PSDB).

No documento ¿Autonomia, transparência e combate à corrupção¿, os deputados listaram pontos que consideram relevantes para a eleição da Mesa Diretora, como aprovação do voto aberto, definição de critérios permanentes para remuneração dos parlamentares ¿compatíveis com a realidade brasileira¿ e eleição de um presidente ¿cuja imagem não tenha sido atingida pelos episódios degradantes da legislatura passada¿.

Os deputados deram sinais de que Aldo e Chinaglia não receberão o apoio do grupo mesmo que assumam esses compromissos.

¿ Acho difícil eles assumirem os compromissos já que, na legislatura anterior, foram contrários aos princípios que pregamos ¿ criticou a deputada Luiza Erundina (PSB).

Dos 16 deputados, oito eram do PSDB. Também compareceram parlamentares de PV, PFL, PPS, PSB, PSOL, PTB e PMDB.

O deputado Raul Jungmann mandou um recado ao ministro das Relações Internacionais, Tarso Genro:

¿ Tarso, se o Chinaglia chegar ao poder, você não vai mandar nada. Quem vai voltar a comandar é o José Dirceu.