Título: Cariocas com renda abaixo da média
Autor: Rodrigues, Luciana e Simões, Dicler
Fonte: O Globo, 09/01/2007, Economia, p. 19

Em dez anos, peso da região metropolitana na economia estadual caiu de 83,3% para 53,8%

A perda de renda da classe média, a saída de indústrias ¿ que pagam os melhores salários ¿ da capital e a falta de dinamismo do setor de serviços deixaram os cariocas mais pobres relativamente ao resto do Estado do Rio. Em 2005, pela primeira vez, a renda per capita da capital ficou abaixo da média estadual. Os cariocas tiveram um PIB por habitante de R$17.328, contra R$17.889 no conjunto do estado.

Segundo Ranulfo Vidigal, da Fundação Cide, o empobrecimento da capital veio acompanhado do fraco desempenho do setor de serviços, que responde por mais de 70% do PIB da cidade. Em todo o estado, o setor cresceu só 0,7% em 2005, com queda de 9,3% no comércio e de 20,5% na educação privada.

Os dados da Fundação Cide mostram ainda que, em 1995, a Região Metropolitana do Rio respondia por 83,3% do PIB estadual. Em 2005, sua fatia era de apenas 53,8%. Nesse caso, como se trata do PIB total do estado, está incluída a riqueza do petróleo.

¿ No Rio, o petróleo é o samba de uma nota só em termos econômicos. Por isso a perda de espaço da região metropolitana ¿ diz André Urani, do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets).

Os municípios da região metropolitana também engrossam as estatísticas da pobreza. Das cinco cidades de menor PIB per capita do estado, quatro são da metrópole: Japeri, Magé, Tanguá e Itaboraí.

Mas a tendência, nos próximos anos, é de uma recuperação da região, principalmente nos municípios do entorno da capital. Vidigal, da Fundação Cide, lembra que a nova refinaria da Petrobras será instalada em Itaboraí. E a Siderúrgica Thyssen CSA ficará no bairro carioca de Santa Cruz, mas trazendo ganhos também para o município vizinho de Itaguaí. (Luciana Rodrigues)