Título: Saldo da balança comercial atinge US$617 milhões já na 1ª semana
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 09/01/2007, Economia, p. 20

Frente a 2006, vendas subiram 20%. Projeções para o ano superam US$40 bi

BRASÍLIA. Depois de bater seu quarto recorde anual consecutivo em 2006, a balança comercial brasileira voltou a apresentar resultados expressivos na primeira semana deste ano. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento divulgados ontem, o superávit ficou em US$617 milhões, com exportações de US$2,023 bilhões e importações de US$1,406 bilhão. Comparando a média diária de negócios com janeiro de 2006, período sazonalmente mais fraco, as exportações cresceram 20% e as importações, 19,9%.

Segundo o boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) com instituições financeiras, a estimativa do mercado para o superávit este ano já passou de US$38 bilhões para US$38,6 bilhões, porém abaixo dos US$46 bilhões de 2006. Mas há quem projete saldo superior a US$40 bilhões.

O superávit em 2007 será influenciado pelos preços dos produtos exportados, especialmente commodities, que estão em patamar mais elevado do que os importados, como os do setor de metais. Os preços, assim, vão compensar um provável ritmo menor de expansão do volume exportado e um crescimento maior na quantidade de bens comprados do exterior.

Para a economista-chefe do ABN Amro, Zeina Latif, o saldo é importante porque pode elevar a poupança interna do país, pequena diante das necessidades de financiamento do setor produtivo. Ela revisou sua projeção para 2007 de US$38 bilhões para US$42 bilhões.

As exportações na primeira semana de janeiro foram puxadas pelas três categorias de produtos. O setor de semimanufaturados teve a maior expansão: 58,2%, para US$91,7 milhões, enquanto o de básicos avançou 14,8%, para US$143 milhões. Já o de manufaturados cresceu 14,4%, para US$261 milhões. Nas importações, a média diária subiu, sobretudo de adubos e fertilizantes (81,2%), produtos farmacêuticos (64,6%) e siderúrgicos (47,7%).

Focus: fluxo de divisas deve levar dólar a R$2,20

Mas a balança comercial deverá continuar com peso negativo no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), pois o aumento das importações tem sido muito próximo, e às vezes superior, ao das exportações, lembra o sócio-diretor da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa, que prevê uma expansão acima de 3% na economia.

¿ Se continuar boa a importação de máquinas e equipamentos, o cenário pode ser melhor ¿ disse Póvoa, que prevê superávit de US$43 bilhões em 2007.

Devido ao saldo comercial e à manutenção de um fluxo elevado de divisas no país, o mercado revisou para baixo suas estimativas para o câmbio em 2007. Segundo o Focus, o dólar deverá fechar o ano em R$2,20 ¿ abaixo dos R$2,25 do boletim anterior e com apreciação de apenas 2,32% em 12 meses. A cotação da moeda americana hoje está em torno de R$2,15.

Mas o mercado ainda está pouco confiante sobre a expansão do PIB: a projeção permaneceu em 3,5% para 2007, contra os 3,8% do BC e os ¿mais de 4%¿ do Ministério da Fazenda. Já a estimativa para o PIB de 2006 recuou de 2,74% para 2,73%. Para o IPCA de 2006 e 2007, as estimativas foram mantidas em 3,11% e 4%, respectivamente, abaixo do centro da meta de inflação (4,5%) deste e do próximo ano.