Título: Brasil prepara ajuda a vizinhos
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 09/01/2007, Economia, p. 20

Lula anunciará medida para Bolívia, Paraguai e Uruguai ainda este mês

BRASÍLIA. Num esforço para compensar as assimetrias das economias menores do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem anunciando uma série de ações voltadas para os países mais pobres do bloco. Essas medidas deverão ser ampliadas até a reunião de cúpula do Mercosul, nos dias 18 e 19, no Rio, para a qual foram convidados todos os chefes de Estado da América do Sul. Na reunião, os governos da Bolívia e do Equador devem fazer o pedido formal de adesão ao bloco.

Ontem, por exemplo, o governo brasileiro autorizou a liberação de R$20 milhões para o Paraguai. O objetivo das concessões é fomentar a integração dos países sul-americanos. Os sócios e parceiros mais pobres da região reclamam do tratamento recebido dos motores da economia regional, Brasil e Argentina. Estes, por sua vez, reconhecem que há assimetrias.

Entre as medidas que devem ser anunciadas por Lula na cúpula estão a compensação ao Paraguai pela energia gerada por Itaipu Binacional, o reforço da alfândega brasileira na fronteira com o Uruguai e a concessão de crédito, pelo BNDES, à agricultura boliviana. Na reunião da semana passada, Lula determinou ainda a abertura de uma usina de biodiesel na Bolívia.

Na semana passada, em reunião no Palácio do Planalto, Lula pediu a vários ministros sintonia com a política de integração sul-americana e pressa na elaboração de ações para atender a esses países. O presidente considerou áreas relevantes a redução da burocracia, questões fitossanitárias e a aceleração de investimentos.

Os recursos liberados ontem para o Paraguai destinam-se a ações para modernizar a administração tributária e aduaneira daquele país. Eles fazem parte do Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização (Fundaf) e poderão ser usados também em programas sociais e econômicos no Paraguai.

As assimetrias do Mercosul vêm sendo discutidas há mais de um ano. Na última reunião de chanceleres do bloco, em dezembro, o Brasil decidiu fazer duas concessões: eliminar a dupla tributação e flexibilizar as regras de origem nos mercados uruguaio e paraguaio.