Título: BNDES fecha o ano com desembolso recorde
Autor: França, Mirelle de
Fonte: O Globo, 09/01/2007, Economia, p. 22

Banco liberou R$52,3 bi, uma alta de 11% sobre 2005. Cerca de R$10 bi foram concentrados em dezembro

O BNDES encerrou 2006 com desembolsos no valor de R$52,3 bilhões, o maior de sua história. O montante é 11% superior aos R$47 bilhões registrados em 2005. O orçamento máximo autorizado inicialmente para o banco em 2006 foi de R$60 bilhões, volume reduzido para R$55 bilhões em meados do ano passado. O presidente do banco, Demian Fiocca, ressaltou, no entanto, que internamente a instituição trabalhava com uma meta intermediária de R$50 bilhões, patamar que foi superado.

Cerca de um quinto do desembolso foi concentrado em dezembro, quando as liberações chegaram a R$10 bilhões. De acordo com a diretoria, é comum a aceleração das liberações no último mês do ano. Fiocca, no entanto, não especificou quais projetos foram determinantes para esse crescimento expressivo em apenas um mês.

Ligeira queda em empréstimo para infra-estrutura

Parte desse volume pode ter origem nos grandes financiamentos aprovados para a Telemar (R$2,4 bilhões) e a Brasil Telecom (R$2,1 bilhões), em novembro e outubro do ano passado, respectivamente. Estes projetos previam a liberação da primeira parcela até o fim de 2006.

¿ Em dezembro, os números são sempre acima da média ¿ disse Fiocca, lembrando que no mesmo mês de 2005 o desembolso foi de R$7,2 bilhões.

Fiocca frisou que, descontada a inflação de 4% em 2006, o crescimento real dos desembolsos no ano foi de 7%:

¿ Tivemos um nível de crescimento real superior ao do PIB (Produto Interno Bruto, conjunto das riquezas produzidas no país) e, portanto, coerente com uma trajetória de aceleração do investimento.

O teto do orçamento de 2007 será decidido, segundo Fiocca, em fevereiro, em reunião do Conselho de Administração do banco, presidido pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. Ele disse que está sendo estudada a possibilidade de não se divulgar esse dado, apenas o referente à perspectiva interna de desembolsos para 2007:

¿ Talvez divulguemos nossa perspectiva de desembolso. Nos últimos anos, houve uma insistência em divulgar o máximo de orçamento, que não é meta, mas máximo. E, por definição, máximo é para não estourar, caso contrário, tem que pedir para aprovar de novo (os valores) e conversar com o Planejamento novamente. Aí, cada vez que não se chega ao máximo, parece que houve uma frustração, mas o ano teve um bom desempenho.

Sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos presidentes dos principais bancos oficiais ¿ Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES ¿ que não deixem sobrar dinheiro em caixa em 2007, emprestando tudo, para acelerar a expansão da economia.

Os desembolsos do BNDES para a indústria somaram R$27,1 bilhões em 2006, um crescimento de 16%. Já a infra-estrutura, uma das prioridades do governo, recebeu R$16,9 bilhões, uma queda de 1% sobre o ano anterior. Fiocca explicou que o cenário é resultado do perfil das operações de infra-estrutura, cujos projetos são mais de longo prazo. O presidente do banco ressaltou, no entanto, que as aprovações para o setor de infra-estrutura alcançaram R$23,9 bilhões em 2006, com um crescimento de 29%.

¿ A aceleração importante nas aprovações em 2006 deverá resultar na ampliação dos desembolsos nos próximos anos ¿ disse, ao prever que os setores siderúrgico, petroquímico e de papel e celulose poderão liderar as liberações em 2007.

No total das aprovações, o BNDES também registrou o volume recorde de R$74,3 bilhões. Segundo Fiocca, o montante alcançado foi a confirmação de uma tendência favorável que se iniciou em 2005: uma aceleração das aprovações ainda maior que a dos desembolsos.

-¿ Isso indica a disposição do setor produtivo de aumentar o nível dos investimentos. O resultado também é o indicador da capacidade de desempenho operacional do BNDES. Essa aceleração das aprovações indica uma perspectiva favorável (de desembolsos) para os próximos anos ¿ disse Fiocca.

As liberações para a área social fecharam 2006 com alta de 80%, com desembolso total de R$2 bilhões. O presidente do BNDES lembrou, no entanto, que as operações para esse segmento são principalmente voltadas para o setor público e, portanto, dependem da situação financeira de estados e municípios, que devem se enquadrar à Lei de Responsabilidade Fiscal.