Título: Estudo revela alto desequilíbrio das emissões de CO2
Autor:
Fonte: O Globo, 09/01/2007, O Mundo, p. 25

Volume emitido em apenas oito dias no Reino Unido equivale ao de um ano nas nações mais pobres

LONDRES. Um calendário climático lançado pela ONG World Development Movement (WDM) revelou que, do início do ano até ontem, o Reino Unido já lançou na atmosfera um volume de CO2 equivalente ao que os países mais pobres do mundo levarão todo o ano para produzir. A comparação revela o peso da contribuição das nações desenvolvidas para o aquecimento do planeta, já que o CO2 é o principal gás do efeito estufa.

¿ Os países mais pobres do mundo, onde vivem 738 milhões de pessoas, de fato, em nada contribuem para as mudanças climáticas ¿ afirmou o diretor da WDM, Benedict Southworth. ¿ Mas são essas pessoas que sofrerão os maiores impactos do aquecimento global: 160 mil pessoas já morrem por ano de doenças relacionadas às mudanças climáticas e bilhões serão vítimas de secas, inundações, fome e outras doenças.

De acordo com o novo estudo, nos oito primeiros dias do ano, um cidadão britânico terá contribuído tanto para o aquecimento do planeta quanto um queniano ao longo de um ano. As nações mais pobres do mundo, como Chade, Afeganistão e República Democrática do Congo, produzem um volume de emissões bem próximo de zero. Mesmo países bastante populosos, como a Índia, com um bilhão de pessoas, emitem muito menos CO2 do que as nações ricas: são necessários 30 dias de emissões para que se equiparem ao volume britânico de uma semana. O estudo mostra que 164 países (os mais pobres) têm um volume de emissões muito baixo.

UE propõe corte de gases do efeito estufa

A Comissão Européia vai propor hoje que a União Européia se comprometa a cortar, unilateralmente, até 2020, suas emissões de CO2 em 20% em relação aos níveis de 1990. A UE vai tentar convencer os países industrializados do mundo a concordar com um corte coletivo de 30% das emissões até 2020, oferecendo-se para aumentar seus próprios cortes se as outras nações se juntarem a ela.

A UE vem tentando exercer um papel de liderança na luta contra o aquecimento global, embora vários de seus países-membros ainda não tenham conseguido cumprir os compromissos do Acordo de Kyoto, que prevê um corte de 5,2% das emissões até 2012, em relação aos níveis de 1990.

O secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Michel Jarraud, assegurou que 2006 confirmou a tendência de aquecimento do planeta. Segundo ele, foi constatada a ocorrência de novos fenômenos considerados extremos, como secas e inundações.